POR FELIPE SALI, LARISSA MARIANO E VINICIUS MARQUES

O brasileiro passa cada vez mais tempo olhando para telas. Um estudo publicado pela empresa Rocket Lab em 11 de abril mostrou que, em 2023, os brasileiros passaram cerca de 3,5 horas por dia no celular. Os dados consideraram apenas aparelhos que usam o sistema Android (mais de 80% dos smartphones nacionais), já que a Apple, dona do sistema iOS, não compartilha essas informações. 

Quando considerados outros aparelhos, os números são ainda maiores. Uma pesquisa publicada em junho de 2023, pela plataforma Electronic Hub, revelou que os brasileiros ficam, em média, 56,6% das horas em que estão acordados diante de telas. O Brasil ficou em segundo lugar no índice, atrás apenas da África do Sul. 

Para entender melhor o que acontece no cérebro quando usamos telas excessivamente, o Joca conversou com a doutora Juliana Arita, neuropediatra e membro da Associação Paulista de Neurologia (Apan), e o doutor Rodrigo de Almeida Luz, psiquiatra da infância e adolescência pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

Também perguntamos para os integrantes do Clube do Joca (grupo de leitores e consultores do jornal) qual é a relação deles com a tecnologia.

#pracegover: criança vestindo calça jeans, camiseta branca, camisa xadrez nas cores preto e branco e gorro preto na cabeça está parada diante de uma porta amarela, olhando para baixo, em direção à tela do celular que está segurando nas mãos. Na cabeça, ela ainda usa fones de ouvido azuis. Crédito de imagem: PORTISHEAD1_GETTYIMAGES E ARQUIVO PESSOAL

Como perceber que o uso de telas está se tornando um vício?
Rodrigo: Um indicador é a mudança rápida de humor quando a pessoa está longe das telas. Principalmente crianças e adolescentes ficam mais irritados e ansiosos em situações em que não podem usar o celular. Outro aspecto que deve chamar a atenção é quando deixamos de fazer atividades de que antes gostávamos. Quando o desempenho escolar está abaixo do desejado ou abaixo da média também é mais um ponto de preocupação. 

Quais são os malefícios neurológicos a curto e longo prazo da utilização excessiva de telas?
Juliana:
A exposição prolongada à luz azul das telas interfere na produção de melatonina, um hormônio essencial para o sono, levando a distúrbios do sono e problemas de saúde mental. O uso excessivo de telas também pode acarretar problemas oftalmológicos, ortopédicos e obesidade.

Como equilibrar o uso de maneira saudável?
Juliana:
É preciso estabelecer limites claros de tempo de tela e promover atividades alternativas que estimulem o desenvolvimento físico, cognitivo e social. Além disso, para as crianças, os pais desempenham papel fundamental na orientação de um comportamento saudável em relação ao uso e na criação de um ambiente propício para atividades offline, como leitura, brincadeiras ao ar livre e interações sociais presenciais. 

Rodrigo: O mundo digital é uma realidade. Então, vale lembrar que devemos buscar, por meio da educação digital, a utilização saudável com um equilíbrio que considere atividades alternativas e, prioritariamente, as relações sociais.

Como o cérebro reage aos estímulos constantes das telas? 

Rodrigo: Quando passamos muito tempo em frente às telas, somos expostos a recursos visuais e auditivos rápidos e intensos, que podem condicionar o cérebro a esperar e depender de altos níveis de estímulo. Isso pode afetar negativamente a capacidade de manter a atenção em atividades menos estimulantes, como a aprendizagem em ambientes tradicionais. 


Tenho o costume de usar as telas para jogar, conversar e na escola. Utilizo o celular para passar o tempo, vejo muito a plataforma do Google Classroom, o Instagram e o WhatsApp. Acho que o uso excessivo pode causar dor de cabeça, problemas na visão pela luz azul das telas e até mesmo ansiedade.” Sofia V., 11 anos

“Eu acesso celular, tablet e computador. Na minha opinião, quando alguém fica bastante tempo usando certo dispositivo, cria um vício e é difícil sair dele. Mas a pessoa também pode usar os dispositivos para coisas importantes, como trabalho, busca de conteúdo, escola etc.” Bernardo B., 10 anos

“Eu utilizo um computador que fica no meu quarto e acho que o uso excessivo pode deixar os jovens muito desligados da vida real, uma geração de pessoas que vivem a vida nas telas. Devemos curtir e aproveitar a vida real! É claro que podemos fazer cursos virtualmente, mas o verdadeiro contato com pessoas é melhor.” Gabriela C., 10 anos

“No meu dia a dia eu uso celular, computador, videogame e tablet. Eu também acho que o uso excessivo é como comer doce demais: não é bom para a saúde, mas se você comer pouco, tudo bem. Tem que equilibrar.” Manuela V., 9 anos


Brasil tem nova resolução sobre crianças em ambientes digitais

O governo brasileiro publicou, em 5 de abril, uma norma sobre os direitos de crianças e adolescentes em ambientes digitais. O documento tem o objetivo de ser mais uma ferramenta para que menores de idade sejam protegidos no universo on-line e tenham liberdade de expressão.

Além disso, a resolução específica quais medidas devem ser tomadas tanto pelas famílias, como por empresas e pela própria sociedade para que as crianças estejam seguras. “O uso de equipamentos e plataformas digitais não deve ser prejudicial, tampouco substituir ou restringir as interações pessoais entre crianças e adolescentes, familiares, cuidadores e a comunidade em geral”, aponta parte do documento.

ALGUNS PONTOS GARANTIDOS PELA NORMA: 

– Respeito à liberdade de expressão.
– Livre desenvolvimento da personalidade, dignidade, honra e imagem. 

  • Promoção de um ambiente digital saudável e seguro. 
  • Estímulo ao uso consciente de ambientes digitais para o exercício da cidadania (conjunto de deveres e direitos do cidadão). 
  • Proteção de dados.

O que eu penso sobre…

“[Isso] é muito importante, porque, às vezes, as crianças são enganadas por pessoas do mundo virtual (…) e isso é um perigo (…). Hoje, até adulto é enganado (…). E também tem muita gente falando besteiras (…) e isso é prejudicial. A lei evitaria isso”, Carla M., 10 anos, Rio de Janeiro (RJ)

“O artigo 227 da Constituição Federal diz que as crianças e os adolescentes são pessoas que precisam de uma proteção importante (…), e isso ocorre porque estamos em fase de desenvolvimento, o que requer um cuidado especial para que cresçamos como indivíduos conscientes e melhoremos o comportamento da sociedade para um mundo melhor (…)”, Juliana R., 10 anos, São Paulo (SP)

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 222 do jornal Joca.

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Comentários (14)

  • ST_Formiga_aluno34 ST_Formiga_aluno34

    3 semanas atrás

    Achamos surpreendente o quanto estamos dependendo do celular e ficando cada vez mais viciados em jogos e plataformas de vídeos que irão nos deixar menos dispostos a praticar esportes e até mesmo estudar. Também ficamos assustados com o tempo que ficamos no celular, sendo 56,6% do tempo que estamos acordados. Foi ótimo para nos conscientizar sobre o tempo de uso do aparelho. Davi e João do Colégio Santa Teresinha de Formiga Minas Gerais

  • ST_Formiga_aluno11 ST_Formiga_aluno11

    3 semanas atrás

    Ficamos assustada com os altos números do tempo que os brasileiros ficam em frente às telas. Achamos também que os pais devem monitorar o tempo de seus filhos, para que não prejudique a formação acadêmica. Mariana e Maria Clara, do 6⁰ano A do Colégio Santa Teresinha

  • ST_Formiga_aluno15 ST_Formiga_aluno15

    3 semanas atrás

    Gostamos muito de saber que,no Brasil o "vício em telas" aumentou cerca de 56,6%.Nós achamos impressionante a duração de horas: 3,5 por dia na tela de seus celulares.Em nossa opinião o celular é muito bom, mas quando usado corretamente. Alunas do Colégio Santa Teresinha: Maria Rita e Talita.

  • ST_Formiga_aluno09 ST_Formiga_aluno09

    3 semanas atrás

    Nós ficamos surpresas com a quantidade de horas que os brasileiros utilizam os celulares e as telas em geral. A reportagem é bem interessante e importante para o nosso conhecimento e para nos alertar. A tela é um meio que pode nos ajudar quando usamos de forma adequada,porém quando usamos o celular de forma excessiva podemos desenvolver um vício difícil de sair, além de nos desligar da vida real. Alunas do colégio Santa Teresinha . Beatriz S. V. e Júlia A. S. Beatriz S. V. e Júlia A. S.

  • ST_Formiga_aluno07 ST_Formiga_aluno07

    3 semanas atrás

    Achamos surpreendente o quanto que estamos dependendo do celular e ficando cada vez mais viciados em jogos e plataformas de vídeos que irão nos deixar menos dispostos a praticar esportes e até mesmo a estudar. Também fiquamos assustados com o tempo que ficamos na tela 56,6% do tempo que estamos acordados. Foi ótimo para nós conscientizar.CST João Gontijo e Davi Faria

  • 3 semanas atrás

    Nós achamos assustador o número de horas gastas com o celular sendo 56,6% das horas que as pessoas passam acordadas são no celular e outros dispositivos. No entanto deve-se considerar inúmeros fatores para o aumento. Um deles e a falta de conscientização sobre os males que um dispositivo que se faz de simples e inofensivo pode causar para a saúde. Agradecemos vocês por fazerem uma reportagem, conscientizando as crianças e os jovens sobre um tema tão importante como esse. Colégio Santa Teresinha-6°A-Miguel e Lucas

  • ST_Formiga_aluno12 ST_Formiga_aluno12

    3 semanas atrás

    Ficamos intrigados com a notícia que crianças e adolescentes ficam mais irritados e ansiosos em situações que não podem usar o celular,e que eles chegam a parar de fazer atividades que gostam. Foi ótimo para fazermos uma reflexão de quanto tempo pode-se usar o celular. Lucas H. E João Lucas, alunos do CST, em Formiga

  • ST_Formiga_aluno10 ST_Formiga_aluno10

    3 semanas atrás

    Nós ficamos extremamente impressionado em saber o quanto que a população brasileira está ficando dependente do celular e que aproximadamente 56,6% do dia ficando nos eletrônicos. Podemos melhorar isso colocando em nossa rotina atividade produtivas.Lorenzo e Isadora, alunos do 6 A, do colégio Santa Teresinha

  • ST_Formiga_aluno08 ST_Formiga_aluno08

    3 semanas atrás

    Ficamos intrigados com a notícia que crianças e adolescentes ficam mais irritados e ansiosos em situações que não podem usar o celular,e que eles chegam a parar de fazer atividades que gostam. Foi ótimo para fazermos uma reflexão de quanto tempo pode-se usar o celular. Lucas H. E João Lucas, alunos do CST, em Formiga

  • ST_Formiga_aluno17 ST_Formiga_aluno17

    3 semanas atrás

    Ficamos impressionadas ao ver quantos males um pequeno aparelho celular pode causar. Afinal os brasileiros passam 56,6% de seu tempo nas telas, que é um fato assustador. Nós nem percebemos a quantidade de tempo que passamos em frente a aparelhos eletrônicos, por isso amamos a reportagem que no ajuda a reparar na grande parte de nossas vidas que perdemos usando tecnologias. Por Sarah e Marina, alunas do 6A do Colégio Santa Teresinha

  • ST_Formiga_aluno19 ST_Formiga_aluno19

    3 semanas atrás

    Nós ficamos surpresos com a quantidade de horas que os brasileiros ficam nas telas (56.6%) por dia , isso é bastante tempo.Também achamos interessante a questão da opinião de especialistas, a partir disso ,podemos nos conscientizar em relação ao tempo de uso. Gabriel e Murilo alunos do 6 ano A Colégio Santa Teresinha

  • ST_Formiga_aluno13 ST_Formiga_aluno13

    3 semanas atrás

    Manuela e Sofia,alunas do 6º a do cst Ficamos chocadas com a quantidade de pessoas que têm um vício enorme pelas telas. Achamos que isso prejudica bastante nosso dia a dia, pois as pessoas estão ficando muito irritadas e ansiosas em situações em que não podem usar o celular.

  • 3 semanas atrás

    Achamos muito preocupante o vício em telas no Brasil, mas é importante considerar que a outros fatores que fazem o uso de tela subir

  • ST_Formiga_aluno20 ST_Formiga_aluno20

    3 semanas atrás

    Nós achamos triste as crianças terem distúrbios de sono e ansiedade pelo uso excessivo das telas agradecemos por nós mostrar essa notícia e nos alertar desse perigo das telas, assinado Raul e Bernardo, alunos do Colégio Santa Terezinha.

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