Campo de captação de energia solar e eólica (vento), nos Países Baixos, na Europa. Crédito de imagem: Daniel Bosma/Getty Images/reprodução

Em 14 de dezembro, a Future Planet publicou uma lista com nove avanços sustentáveis que aconteceram ao longo de 2023. O objetivo do site é trazer à tona conquistas climáticas que ocorreram no ano, mas que nem todo mundo notou, seja pela falta de holofotes sobre o acontecimento, seja pelo ofuscamento que tragédias e eventos climáticos extremos causam nos noticiários. “Em um ano tumultuado, os marcos positivos para o clima e a natureza podem muito bem ter passado despercebidos”, diz o portal.

Future Planet é um editorial da BBC (veículo de imprensa do Reino Unido) que traz soluções para os desafios climáticos e ambientais dos dias atuais.

Confira abaixo os nove acontecimentos listados pela Future Planet, além de um décimo, mais noticiado mundialmente, que representou um grande passo para a descarbonização.

O que é descarbonização?

Carbono é um elemento químico emitido por veículos que usam combustíveis fósseis (materiais produzidos por meio da decomposição de seres vivos, capazes de gerar energia), como carros e motos.

Descarbonização é o processo que reduz a emissão de carbono de uma empresa, atividade ou local, por meio de soluções alternativas à queima de combustíveis fósseis. São exemplos de combustíveis fósseis: carvão mineral, petróleo e gás natural. Isso é importante, pois grandes quantidades de gás carbônico podem prejudicar o meio ambiente.

1) Aumento no investimento em energias limpas nos Estados Unidos

Em 16 de agosto de 2022, a Lei de Redução da Inflação foi aprovada nos EUA, considerada a ação mais significativa do governo norte-americano em relação às mudanças climáticas. Em 2023, indústrias de energias renováveis receberam uma série de apoios financeiros sem precedentes. A lei inclui um plano de investimento de 369 bilhões de dólares (aproximadamente 1,8 trilhão de reais) para reduzir a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs).

Energia renovável: as fontes de energia consideradas renováveis são aquelas que vêm de recursos que não se esgotam ou que podem se regenerar na natureza, como ar e luz solar. Já as não renováveis vêm de recursos que se esgotam na natureza, o que pode prejudicar o meio ambiente, como combustíveis fósseis.

Gases de Efeito Estufa (GEEs): gases poluentes, como o dióxido de carbono (CO2). Ao serem liberados (por meios de transporte ou indústrias, por exemplo), eles sobem para a atmosfera terrestre e ficam “presos” ali, acumulando-se em uma espécie de camada. Essa camada impede o calor de sair da Terra e, ao ser intensificada pela ação humana, leva ao aquecimento global.

2) Queda de emissão de GEEs no setor de energia

A Ember, uma instituição norte-americana que realiza pesquisas sobre políticas públicas de ações climáticas, divulgou uma análise, em 8 de dezembro, apontando que, em 2023, o mundo esteve mais próximo de alcançar o pico na produção de combustíveis fósseis (ou seja, a expectativa é de que a quantidade de combustíveis produzidos pare de crescer e caia cada vez mais).

“Atingir o pico de emissões é o primeiro ponto de virada crucial para iniciar uma nova era de declínio “,

afirma comunicado da Ember.

3) Processos contra produtoras de plástico

Em março de 2022, a Assembleia das Nações Unidas Para o Meio Ambiente alcançou uma resolução histórica que apresenta instrumentos legais para que pessoas e empresas processem fabricantes de plásticos que apresentem danos ao meio ambiente. O ano de 2023 foi marcado por dois casos que correm no Judiciário paralelamente nos EUA, contra as empresas Danone e Pepsico.

Confira a entrevista feita pela Marina, repórter mirim do Joca, com o engenheiro ambiental Luis Fernando Amato sobre microplásticos.

4) Remoção de uma grande barragem nos EUA

Em novembro, a demolição de uma barragem localizada na Califórnia foi concluída. A ação faz parte de um projeto que pretende remover as quatro barragens na região de Klamath, uma vez que elas prejudicam o modo de vida dos povos nativos locais, diminuindo, por exemplo, a população de salmão no rio Klamath.

Barragem: estrutura que interrompe o fluxo de determinado corpo de água, acumulando-a para ser utilizada em usinas hidrelétricas, que geram energia a partir da força da água.

5) Acordo internacional para proteção dos oceanos

Em 4 de março, mais de cem países chegaram a um tratado que promete que, até 2030, 30% das águas internacionais (áreas oceânicas que não são territórios de nenhum país) sejam áreas de proteção. Leia mais sobre o acordo aqui no Joca, clicando no link abaixo.

6) Lei europeia contra importação de produtos provenientes de desmatamento

Em 29 de junho, a União Europeia (UE, bloco de países europeus) aderiu a um novo regulamento que pretende impedir que seus cidadãos consumam produtos que contribuem para o desmatamento ao redor do globo. Segundo relatório de 2021 publicado pela WWF — uma das maiores Organizações Não Governamentais (ONGs) na área de preservação ambiental —, a UE corresponde à segunda maior importadora de produtos relacionados ao desmatamento, ficando atrás apenas da China.

“Ao promover o consumo de produtos livres de desmatamento e ao reduzir o impacto da UE na degradação florestal a nível mundial, espera-se que o novo regulamento (…) reduza as emissões de Gases de Efeito Estufa e a perda de biodiversidade”, 

diz, em nota, a Comissão Europeia.

7) Queda no desmatamento da Amazônia

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou, em 3 de agosto, que as áreas onde o desmatamento foi identificado em 2022/23 reduziram 7,4% em comparação a 2021/22. Leia mais sobre os dados do Inpe na matéria publicada pelo Joca no link abaixo.

8) Direitos indígenas no Brasil

Durante o Acampamento Terra Livre (ATL) — encontro anual dos povos indígenas brasileiros —, o governo do país anunciou a demarcação de seis Terras Indígenas (TI), depois de cinco anos sem demarcar TIs. A Future Planet também destaca o veto do Marco Temporal feito pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, em outubro. No entanto, no mesmo dia que a matéria foi publicada pela BBC, o Congresso Nacional derrubou o veto de Lula. Veja no vídeo abaixo a cobertura jornalística que o Joca fez durante o ATL 2023.

Congresso Nacional: órgão que exerce as funções do Poder Legislativo, elaborando e aprovando leis para a administração do país.

Demarcação de terras indígenas: processo pelo qual uma área passa para ser considerada TI. Os indígenas defendem que, por viver nesses territórios antes da chegada dos europeus, no século 16, têm o direito de mantê-las livres de ocupação (de outras pessoas e empresas). O processo para demarcação envolve entidades como Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Ministério da Justiça, Presidência da República e até quem é contrário a isso.

Marco Temporal: a tese diz que uma área só pode ser demarcada como TI caso os indígenas a estivessem ocupando no ano em que a Constituição (conjunto de leis de um país) brasileira foi publicada, em 1988.

9) Fundos de investimento climático para países pobres

Em 30 de novembro, na abertura oficial da 28ª Conferência das Partes das Nações Unidas (COP28), principal encontro global sobre mudanças climáticas, foi aprovada a criação de um fundo (reserva de dinheiro) para cobrir perdas e danos que eventos climáticos extremos possam causar a nações pobres e mais vulneráveis. Saiba mais na matéria publicada no Joca, no link abaixo.

10) Promessa de redução de combustíveis fósseis

Já ao fim da COP28, no dia 13 de dezembro (um dia após o encerramento oficial), a cúpula publicou um acordo trazendo, pela primeira vez, como objetivo promover que as nações façam a transição energética dos combustíveis fósseis para fontes de energia alternativas, que não prejudiquem o meio ambiente. Saiba mais clicando no quadro abaixo.

Fontes: BBC, US Department of The Treasury, Financial Times, The White House, Ember, The Guardian, ONU, Comissão Europeia, Fundação Nacional dos Povos Indígenas e WWF.

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