Novo estudo aponta que o mundo chegou a um bilhão de pessoas com obesidade em 2022
Por Pedro Oliveira
De acordo com estudo publicado em 29 de fevereiro na revista científica The Lancet, o mundo chegou a um bilhão de pessoas com obesidade em 2022. O levantamento, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mostrou também que, entre 1990 e 2022, o número de crianças e adolescentes de 5 a 19 anos obesos aumentou acima de 400% — ou mais do que quintuplicou.
Ao todo, são cerca de 880 milhões de adultos e 160 milhões de jovens vivendo com obesidade. De acordo com a OMS, o sobrepeso e a obesidade aumentam o risco de doenças como diabetes, hipertensão (aumento da pressão sanguínea), alguns tipos de câncer e problemas no coração.
Ainda segundo o órgão, os dados mostram que o sistema alimentar no mundo não está oferecendo dietas nutritivas às crianças e que os sistemas de saúde só focam em tratar a obesidade após o surgimento de doenças. Para a OMS, o correto seria abordar a obesidade antes do aparecimento desses problemas.
Nutrição e ganho de peso
O estudo também constatou um crescimento da desnutrição: de 45 milhões de pessoas em 1990 para 183 milhões em 2022. Desnutrição ocorre quando alguém tem deficiência de macronutrientes (proteínas, gorduras e carboidratos) e/ou micronutrientes (vitaminas e minerais), independentemente do peso.
Para os pesquisadores, a má nutrição tem relação direta com o aumento dos casos de obesidade, visto mesmo em países mais pobres. O levantamento mostra que a falta de oferta de alimentos saudáveis e o preço elevado para manter uma alimentação nutritiva são os principais desafios nessas nações. Além disso, destaca que a publicidade de opções não saudáveis afetou o aumento da procura por esse tipo de comida.
Em entrevista ao Joca, Maria Rita Marques de Oliveira, professora do curso de nutrição da Universidade Estadual Paulista (Unesp), ressaltou que é necessário transformar os ambientes que apresentam risco alimentar, principalmente aqueles frequentados por crianças. A especialista cita, por exemplo, que elas têm fácil acesso a alimentos ricos em açúcar nos mercados e shoppings. Além disso, crianças reproduzem a alimentação dos adultos com quem convivem.
O QUE SÃO SOBREPESO E OBESIDADE?
Os dois se referem ao acúmulo excessivo de gordura corporal. A diferença é a quantidade desse excesso e, assim, sua gravidade — quem tem obesidade possui mais gordura corporal do que quem tem sobrepeso. Um dos métodos usados para saber se uma pessoa tem sobrepeso ou obesidade é o Índice de Massa Corporal (IMC), que avalia a relação entre peso e altura.
Nos adultos, isso é feito por meio do seguinte cálculo: peso (em quilos) dividido pela altura (em metros) ao quadrado (peso/altura2). Veja como funciona:
IMC = peso/altura2
Abaixo do peso = menos de 18,5
Peso normal = entre 18,6 e 24,9
Sobrepeso = entre 25 e 29,9
Obesidade = a partir de 30
A conta para as crianças ainda considera a idade e se é menina ou menino. Use o QR code para acessar a calculadora da Associação Brasileira de Nutrologia com a fórmula.
No entanto, o IMC não deve ser utilizado como único dado. Pode ser, por exemplo, que o peso de uma pessoa seja em boa parte formado por massa magra (músculos). Apenas um médico pode fazer o diagnóstico correto.
COMO EVITAR A OBESIDADE?
É essencial ter uma alimentação rica em nutrientes e praticar exercícios físicos regularmente. Para crianças e adolescentes, a nutricionista Maria Rita destaca um programa da OMS chamado 5 ao Dia. De acordo com ele, cada pessoa deve consumir pelo menos cinco porções de frutas, legumes e verduras diariamente. “É uma reeducação do paladar para sentir prazer em comer alimentos que fazem bem à saúde”, explica ela.
CENÁRIO BRASILEIRO
De acordo com uma projeção da Federação Mundial da Obesidade, até 2035, 50% dos adolescentes e crianças brasileiros podem conviver com sobrepeso ou obesidade. A informação foi divulgada em 1º de março, no “Atlas mundial da obesidade 2024”.
A previsão é de que, a cada ano, a taxa de crianças e adolescentes com obesidade ou sobrepeso aumente 1,8%. Entre os adultos brasileiros, o documento prevê um crescimento anual de 1,9%.
FONTES: BBC BRASIL, CNN BRASIL, FOLHA DE S.PAULO, GOVERNO FEDERAL, METRÓPOLES, REDE D’OR SÃO LUIZ, ONU, PORTAL DRAUZIO VARELLA, THE LANCET E UOL.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição 219 do jornal Joca
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