A rebelião recebeu esse nome por levar flores nas armas dos soldados e pelos manifestantes. Crédito de imagem: Getty Images

Em 25 de abril de 1974, há 50 anos, uma manifestação popular e militar em Portugal fez com que o país deixasse para trás a ditadura salazarista e voltasse a ser uma democracia. O levante, conhecido como Revolução dos Cravos por levar flores nas armas dos soldados, uniu manifestantes, artistas, jovens, educadores, entre outros grupos da população portuguesa em prol de uma reforma democrática. Para celebrar, milhares de pessoas foram às ruas comemorar os 50 anos da restauração da democracia. 

Democracia: forma de governo em que a decisão da maioria determina, por meio das eleições, quais candidatos serão os governantes do país. Também é caracterizada pela distribuição equilibrada do poder, ou seja, ele não fica concentrado em uma única autoridade ou órgão.

Ditadura salazarista: ditadura é um tipo de governo autoritário em que não há participação popular dentro do campo de decisões políticas, liberdade de expressão e outras características que existem, por exemplo, em governos democráticos. O salazarismo (também chamado de Estado Novo) foi um regime ditatorial entre 1933 e 1974; o nome faz referência a António de Oliveira Salazar, que governou Portugal entre 1932 e 1968.

A revolução aconteceu em um momento oportuno, quando o governo do presidente Marcelo Caetano já estava em crise. Marcelo assumiu o posto de governante do país depois de Salazar adoecer. Salazar ficou no poder de Portugal durante 32 anos e, nesse período, instituiu um governo ditatorial com influências do fascismo italiano.

Com o Estado Novo, criado por Salazar em 1933, eram asseguradas pela Constituição portuguesa leis que exaltavam a figura do líder nacional e restringiam direitos individuais. 

Fascismo: movimento político que surgiu na Itália, no início do século 20, caracterizado por ser extremamente autoritário. Por exemplo: quando o fascismo assumiu o governo na Itália, em 1922, todo o poder ficou concentrado em Benito Mussolini, seu líder. Sob o domínio do fascismo, a Itália participou da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) ao lado do nazismo (movimento alemão liderado por Adolf Hitler que matou cerca de 6 milhões de judeus até o fim do conflito). 

Constituição: conjunto de leis que organiza uma nação. Todos são obrigados a respeitá-la.

Outra reivindicação dos manifestantes era que as colônias no litoral do continente africano que Portugal ainda mantinha durante os anos da ditadura se independessem — esta era uma forte questão para a luta anticolonialista. Isso porque, após a Segunda-Guerra Mundial,  houve um processo de descolonização em todo o mundo, com colônias se tornando independentes e se afirmando como Estados.

Estado: com “E” maiúsculo se refere aos países que têm organização política, ou seja, dispõem de setores responsáveis por controlar e administrar o território.

Presidente de Portugal assume culpa do país por crimes durante processos de colonização

O atual presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, declarou, em 23 de abril, que Portugal tem responsabilidade e culpa por crimes cometidos durante o período de colonização de países como o Brasil, que foi colônia de Portugal entre os séculos 16 e 19.  No entanto, ele não detalhou nenhum plano de indenização (compensação, geralmente em dinheiro, para reduzir ou anular um dano causado a alguém).

Presidente Marcelo Rebelo de Sousa em comemoração dos 50 anos da Revolta dos Cravos. Crédito de imagem: Horacio Villalobos#Corbis/Getty Images/reprodução

“Pedir desculpas é a parte fácil. Temos que pagar os custos da escravidão. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isso”, declarou o presidente durante um jantar com correspondentes internacionais. 

Em solo brasileiro, o processo de colonização de Portugal envolveu o extermínio de milhares de indígenas que já viviam aqui, além da exploração de recursos naturais. O país também foi responsável pelo tráfico de milhões de pessoas originárias do continente africano (trazidos ao Brasil em enormes embarcações) e escravizadas durante o período colonial.

Fontes: Brasil Escola, CNN, UOL, Agência Brasil e FFLCH.

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