O principal cientista do programa nuclear iraniano, Mohsen Fakhrizadeh, foi morto, no dia 27 de novembro, após um atentado. Ainda não se sabe quem foi o responsável pelo ataque nem como ele foi realizado, mas o caso está causando repercussão em diversos países – como Estados Unidos e Israel. Isso porque o programa nuclear iraniano gerou conflitos e discussões nos últimos anos e Fakhrizadeh era apontado pela imprensa internacional como chefe de produção de armas nucleares do país.

Mas o que é o programa nuclear do Irã?
É a produção de energia nuclear do país. Algumas nações, como Estados Unidos, preocupam-se com esse programa por receio de que a energia nuclear iraniana seja usada para fazer armas e bombas com alto poder de destruição.

Por isso, em 2015, os dois países – assim como Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia – assinaram um acordo para definir que o Irã limitaria a produção de energia nuclear. Em troca, seriam retiradas restrições impostas aos iranianos, como a liberação de 100 bilhões de dólares (cerca de 394 bilhões de reais) que não podiam ser usados pelo país até então.

Entretanto, o presidente dos EUA, Donald Trump, saiu do acordo em 2018 e voltou a impor restrições financeiras ao Irã, como a proibição de comprar dólares e metais preciosos. Em julho de 2019, quem suspendeu o acordo foi o Irã, pedindo que os países aliviassem as novas restrições – como obstáculos à venda de petróleo, o que prejudicou a economia do país do Oriente Médio.

Por que Israel é citado no conflito?

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, atribuiu a culpa do atentado que tirou a vida de Fakhrizadeh ao Estado de Israel. De acordo com ele, Israel teria matado o cientista a serviço dos Estados Unidos.

O chanceler iraniano (que no país ocupa o cargo equivalente ao do ministro de Relações Exteriores, ou seja, de articular políticas com os outros países), Mohammad Zarif, também acusou o Estado pelo atentado. Ele publicou no Twitter: “Terroristas assassinaram um eminente cientista iraniano hoje. Essa covardia tem sérias indicações de um papel israelense”.

Nos últimos anos, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, organiza uma campanha militar para impedir que o Irã desenvolva armas nucleares.

O governo de Israel não se pronunciou sobre as acusações.

Desde quando o Irã e os Estados Unidos não se dão bem?
Os Estados Unidos e o Irã possuem um relacionamento complicado desde 1979, quando ocorreu a Revolução Iraniana. Apesar disso, eles já agiram em conjunto algumas vezes, como quando tentaram derrotar o grupo terrorista Estado Islâmico.

Mas, desde que os Estados Unidos saíram do acordo nuclear, em 2018, os conflitos entre as duas nações aumentaram. Esse desentendimento ficou ainda mais intenso quando, em 3 de janeiro de 2020, o governo norte-americano organizou um ataque ao aeroporto de Bagdá, no Iraque, que causou a morte de um importante general iraniano, Qassen Soleimani. Os Estados Unidos acusam a Força Quds, organização que Soleimani comandava, de financiar organizações terroristas e realizar ataques terroristas.

O Irã, por sua vez, respondeu à ação com ataques por mísseis e foguetes a duas bases militares norte-americanas no Iraque. Nenhum soldado dos Estados Unidos morreu na ocasião.

Fontes: BBC, G1, The Independent, página do Twitter do chanceler Mohammad Javad Zarif, Wion News.

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