Em 15 de agosto de 2021, o Talibã conquistou a capital afegã, Cabul, e passou a controlar o país. O grupo, integrado por homens que estudam a religião islâmica e a interpretam de forma rigorosa, usa uma maneira própria de entender a Sharia (lei islâmica), mais severa do que as interpretações adotadas pela maioria da população islâmica do Afeganistão.

Ao assumiu o poder, um ano atrás, o Talibã prometeu não estabelecer regras tão rígidas quanto às da última vez que havia governado o país, entre 1996 e 2001 — quando, por exemplo, não era permitido que meninas estudassem.

A seguir, veja como está a situação atualmente.

Mulheres
Assim que o grupo reassumiu o poder, Zabihullah Mujahid, um porta-voz do Talibã, afirmou que as mulheres poderiam estudar e trabalhar. No entanto, com o tempo, o grupo definiu regras para a população feminina. As meninas da 6ª série em diante foram proibidas de frequentar escolas e universidades, enquanto as mulheres foram incentivadas a deixar o trabalho e ficar em casa em troca de um salário. Agora, elas também precisam cobrir a cabeça e o rosto em público (relembre na edição 188) e ainda foram proibidas de viajar de avião ou fazer viagens terrestres que superem 72 quilômetros sem a companhia de um homem da família.

Em 13 de agosto, integrantes do Talibã dispersaram uma manifestação de mulheres em frente ao Ministério da Educação, em Cabul | #pracegover: Mulheres vestindo roupas pretas, com máscaras e cabeça cobertas, protestam com cartazes nas ruas. Crédito de imagem: Nava Jamshidi/Getty Images

Economia
Segundo o Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (Pnud), cerca de metade da população afegã vivia na pobreza antes de o Talibã retomar o poder. Mas a situação econômica se tornou ainda mais complicada no último ano. A entidade estima que, ainda em 2022, 97% dos afegãos estarão na pobreza. Um dos motivos é que diversos países impuseram sanções (restrições) à nação como forma de pressionar o Talibã a deixar o poder, o que inclui redução na ajuda que era direcionada ao Afeganistão. Também contribuem para a piora: a alta dos preços dos alimentos em razão da guerra na Ucrânia, o grande número de secas e a diminuição da quantidade de mulheres no mercado de trabalho.

Oposição
No dia seguinte à tomada do poder, Mujahid anunciou que todos os soldados que lutaram contra o Talibã haviam sido perdoados e que “todos os compatriotas […] foram importantes, por isso ninguém sofrerá vingança”. Entretanto, um relatório da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Unama) concluiu que essa promessa foi violada, pois 56 ex-funcionários do governo e de segurança foram torturados e 160 pessoas foram mortas sem ter direito a processos judiciais.

O Afeganistão atual em números*
• 3.272.578 afegãos procuraram serviços de proteção no último ano.
• 41% das pessoas que foram ajudadas eram crianças.
• Cerca de 700 mil afegãos tiveram que deixar a casa em que moravam e mudar para outros lugares do país em 2021.

*De acordo com o Afghanistan Protection Cluster, do Escritório das Nações Unidas Para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

Fontes: Al Jazeera, Deutsche Welle, Folha de S.Paulo, G1, Afghanistan Protection Cluster e O Globo.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 192 do jornal Joca.

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