Alguns cães, além de ótimos amigos dos seres humanos, têm a capacidade de desenvolver uma carreira profissional. Há, por exemplo, os cães-guias, que auxiliam pessoas cegas no dia a dia, os cachorros que trabalham para a polícia, ajudando a farejar mercadorias ilegais, e os cães bombeiros, que atuam salvando vidas em diversos tipos de desastre. 

Os cães de resgate trabalham detectando diferentes odores para localizar pessoas, e são recompensados quando cumprem um objetivo. Um deles é Nick, um cachorro da raça labrador de 2 anos e três meses. Ele recebeu sua primeira certificação na última semana de abril, tornando-se o primeiro cão de busca e resgate do município de Itapema (SC). 

Miguel F., de 10 anos, integrante do Clube do Joca, conversou com Genivan Kiill, conhecido como Cabo Kiill, integrante do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina e parceiro de trabalho de Nick. A seguir, saiba mais sobre como os dois atuam. 

Quantos resgates você já realizou ao lado de cães bombeiros?
Aqui em Santa Catarina, a gente trabalha com a certificação de cães, e o Nick acabou de ser certificado, por isso não fui a nenhuma missão com ele ainda. Antes dele, eu participei de três ou quatro missões com outros cães. 

Houve muitas missões em que os cães fizeram o trabalho sem a ajuda de um supervisor?
Não, os cães não têm essa capa- cidade, é preciso que eles trabalhem com uma pessoa para que completem a missão com sucesso. 

E quais raças se saem melhor no rastreamento?
No corpo de bombeiros, a gente geralmente trabalha com labrador, pastor-belga e braco alemão. 

É muito frustrante para os cães quando eles não encontram pessoas vivas?
A gente trabalha com essa frustração que eles podem ter durante o treinamento. Fazemos treinos em que eles encontram as pessoas (nessas situações, chamada de figurantes), e também em que eles não conseguem encontrar ninguém. Para os cães, o trabalho é uma brincadeira em que eles devem achar pessoas para ganhar a recompensa, que é um brinquedo. 

Qual foi o resgate que mais te marcou ao longo do tempo?
Foi um resgate em Petrópolis (RJ), no ano passado. Na ocasião, caiu um grande volume de chuva em um período curto, provocando deslizamentos de terra. Residências que estavam construídas em locais irregulares foram prejudicadas. Ele me marcou pela quantidade de vítimas, infelizmente. 

Os cães rastreadores têm outra função além de encontrar pessoas desaparecidas?
Não. No corpo de bombeiros, a função deles é realizar essas buscas. 

Você já participou de algum resgate em grande escala?
Sim. Houve uma vez em que a gente chegou a ter cerca de 80 cães — não no local de ocorrência, e sim na operação inteira. Eram muitos animais justamente por- que a gente precisava fazer um revezamento para eles não cansarem e se estressarem. 

TERMOS USADOS NO TRABALHO DOS CÃES DE RESGATE 
Conheça palavras que são importantes durante a atuação desses cachorros 

Avaliação: simulação de resgate pela qual o cão deve passar para que seu desempenho seja avaliado. 

Binômio: nome dado ao cão e seu condutor. 

Cão operacionalizado: animal que foi devidamente adestrado, avaliado e certificado para atuar em emergências reais. 

Certificação: liberação oficial para que um cachorro possa atuar em operações reais. A cada dois anos, os cães de resgate devem ser novamente certificados. 

Cinotécnico: profissional capaz de aplicar o condicionamento em cães e treinado para conseguir conduzir o animal em um ambiente de desastre. 

Condicionamento: técnica aplicada nos cães para que possam aprender a realizar determinadas tarefas. Para isso, o treinador premia o animal com recompensas toda vez que ele cumpre um objetivo. 

Condutor: cinotécnico responsável por um cão de resgate, que conduz todo o processo de adestramento e trabalha lado a lado com ele. 

Equipe de busca: no Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, uma equipe de busca em estruturas colapsadas (danificadas) deve ser composta por dois binômios e um comandante da operação (que pode ser um dos condutores). Em buscas nas zonas rurais, a equipe de busca padrão tem o apoio de apenas um binômio. 

Fonte: Corpo de Bombeiros de Santa Catarina. 

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 206 do jornal Joca.