Uma atualização da lista oficial de animais e plantas que correm risco de extinção no Brasil foi divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente em junho. Nela, existem 1.249 espécies de animais ameaçados (764 terrestres e 485 aquáticos). O mico-leão-dourado, representado na mascote do Joca, é um dos que correm perigo, por exemplo.

Para saber mais sobre o assunto, a repórter mirim Isadora P., de 8 anos, conversou com Rodrigo Jorge, analista ambiental do Centro Nacional de Avaliação da Biodiversidade e de Pesquisa e Conservação do Cerrado (CBC), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), entidade ligada ao Ministério do Meio Ambiente responsável por conduzir os estudos de avaliação do risco de extinção das espécies, entre outras funções. Confira.

Rodrigo Jorge, analista ambiental, fala sobre as ameaças que atingem diversas espécies em seu habitat | #pracegover: Rodrigo Jorge veste camisa polo nas cores branca e verde. Ele é careca e tem barba. Rodrigo está em um local com bastante árvores atrás dele. Crédito de imagem: Arquivo pessoal

O que faz um analista ambiental?
O analista ambiental tem diversas linhas de atuação. Uma delas é a em que eu trabalho diretamente, que é de fazer a avaliação do risco de extinção das espécies. Ele também planeja e executa ações para a conservação das espécies, faz análises para o licenciamento ambiental de empreendimentos (até para diminuir o impacto deles à biodiversidade) e busca garantir que a lei esteja sendo cumprida em relação à proteção ambiental. Além disso tudo, tem uma parte fundamental que é a de assegurar que as populações tradicionais [como os indígenas], que muitas vezes dependem do uso sustentável do meio ambiente, tenham seus direitos à terra garantidos.

A repórter mirim Isadora. Foto: arquivo pessoal
#pracegover: a repórter mirim Isadora sorri e usa camiseta colorida com diversos tons de azul, roxo e amarelo. Foto: arquivo pessoal

Em qual bioma se concentra o maior número de animais com risco de extinção no Brasil?
Na Mata Atlântica: são 507 espécies no total. Isso considerando espécies que ocorrem em outros biomas e que também são encontradas na Mata Atlântica. Das que só vivem na Mata Atlântica (que a gente chama de endêmicas do bioma) são 328. Isso porque a Mata Atlântica é o bioma que tem a menor quantidade de áreas nativas preservadas (12,5% da área original continua conservada). E ainda tem perdas diárias da Mata Atlântica, infelizmente, por desmatamento (seja para expansão imobiliária ou para agropecuária), o que resulta na eliminação de habitats para essas espécies. Então, na Mata Atlântica, é importante focar em projetos de restauração da vegetação original, podendo ajudar a reduzir esse quantitativo de espécies ameaçadas.

Existem espécies no Brasil que “ressuscitaram” da extinção ou tiveram o risco diminuído? Quais?
Um dos exemplos que acho bem interessante é o da ararinha-azul, que foi praticamente extinta na natureza. Atualmente, está sendo feito um trabalho de trazer ararinhas que estão com criadores pelo mundo todo de volta ao Brasil, para reabilitar essas aves e treiná-las para que consigam sobreviver na natureza. Outro caso interessante é o das tartarugas marinhas. A gente tem cinco espécies de tartaruga marinha que ocorrem no litoral brasileiro e todas eram ameaçadas. Delas, quatro apresentaram melhora na categoria de risco de extinção. Dessas quatro que melhoraram, uma saiu da lista de espécies ameaçadas de extinção, a tartaruga-verde.

Como é avaliado o risco de extinção das espécies? Com base em uma metodologia internacional que foi desenvolvida pela União Internacional Para a Conservação da Natureza (IUCN) e é usada por vários países. Ela é baseada em cinco critérios que dizem respeito, basicamente, ao tamanho da população de determinada espécie (se está aumentando ou diminuindo) e ao tamanho da área de distribuição geográfi ca dessa espécie (se é muito extensa ou reduzida).

E o que a gente pode fazer para evitar que espécies sejam extintas?
O principal fator que leva as espécies a entrar em categorias de risco de extinção é a perda do seu habitat, principalmente por desmatamento. Algo que a gente pode fazer é praticar o consumo consciente no dia a dia. Por exemplo, ter um cuidado com os produtos que a gente consome, tendo certeza de que a carne, o leite e os itens da agricultura venham de produtores que tenham responsabilidade ambiental, ou seja, que preservam a reserva legal (proporção de mata defi nida por lei que deve ser conservada) e minimizam a quantidade de água utilizada, além dos demais impactos ao meio ambiente. É importante também que as pessoas tenham a consciência de reciclar o lixo e, além disso, acompanhar os índices de desmatamento, procurando sempre lembrar o governo das políticas que favorecem o meio ambiente.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 193 do jornal Joca.

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