Componente orgânico fluoresceína foi identificado como razão da alteração inusitada
No dia 28 de maio, as águas do canal de Veneza, na Itália, em uma região próxima à ponte de Rialto até parte do Grande Canal, amanheceram com uma coloração verde fluorescente. A cor diferente chamou a atenção dos moradores e, rapidamente, começaram as especulações acerca do motivo de a água estar daquela cor.
Inicialmente, as suspeitas dos residentes venezianos eram de que a cor fluorescente pudesse ser parte de alguma manifestação de ambientalistas, que teriam alterado a água para conscientização da população sobre determinada causa. No entanto, o jornal britânico The Guardian reportou que autoridades italianas haviam declarado que a razão por trás do ocorrido fora a substância fluoresceína, componente químico utilizado para tratar águas de redes de esgoto, identificando possíveis vazamentos e componentes tóxicos. A fluoresceína não é tóxica, tampouco causa danos aos canais de água em que é utilizada, além de não ter efeito permanente. Por isso, as águas de Veneza em poucos dias voltaram à coloração normal.
Segundo a Agência Regional de Prevenção e Proteção Ambiental de Vêneto (Arpav), as amostras retiradas do canal após o teste com a substância não apresentaram “qualquer elemento tóxico”, mesmo com o resultado de forte coloração verde na rede. Entretanto, a Arpav não revelou a origem da fluoresceína nas águas de Veneza, o que ainda não foi descoberto.
Inicialmente, foram os próprios moradores que alertaram as autoridades sobre a cor da água. A Arpav é um órgão de proteção ambiental que atua na região de Vêneto (nordeste da Itália), englobando desde as montanhas Dolomitas até o Mar Adriático, investigando qualquer alteração ecológica na área.
Nas redes sociais, moradores publicaram fotos e vídeos da água verde fluorescente. As especulações de que a mudança seria uma ação proposital de ambientalistas ganharam ainda mais força após Andrea Pegoraro, vereadora de Veneza, acusar o grupo italiano Last Generation (Última Geração, em tradução para o português), que atua contra as mudanças climáticas, pelo ato. Ninguém assumiu o ocorrido e, rapidamente, a Arpav descartou essa possibilidade.
Porém a causa por trás das especulações a respeito dos ativistas tem um passado histórico: em 1968, o artista argentino Nicolás García Uriburu coloriu as águas da cidade italiana com um corante verde, durante a 34ª Bienal de Veneza, em um ato que buscava discutir a consciência ambiental.
Uma semana antes do surgimento da água verde fluorescente em Veneza, em 21 de maio, as águas da Fontana di Trevi, em Roma, também mudaram de cor: ficaram pretas após ambientalistas que se manifestavam contra as mudanças climáticas jogarem carvão diluído no líquido.
Glossário:
Fluoresceína: é um composto orgânico sintético (ou seja, feito com elementos naturais, mas que só existem após uma formulação em laboratório). A substância é um xanteno, isto é, integra uma classe de compostos orgânicos que são frequentemente utilizados como corantes, dando cores a outras superfícies e elementos.
Fontes: Estadão, CNN, G1, The Guardian, Manual de Saneamento (Fiocruz), Veja e G1.
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