Cerca de seis meses depois de ter sido resgatada com sinais de desidratação e desnutrição, uma onça-pintada macho está prestes a retornar à natureza. Esta é a primeira vez que um macho desse animal é devolvido para seu habitat natural no Brasil. Xamã, nome da onça, foi encontrado, em agosto de 2022, em uma propriedade na cidade de Sinop, no interior do Mato Grosso. Na época com cerca de 2 meses, ele foi encaminhado para o Hospital Veterinário da universidade federal do estado para tratamento.

Acredita-se que a onça tenha se separado da mãe ao fugir de um incêndio. Em janeiro, ele foi transferido para o estado do Pará, onde está terminando de se preparar para começar o retorno à natureza, na cidade de Jacareacanga. A viagem de Xamã até lá foi feita na companhia de veterinários, que encararam 400 quilômetros de rodovia e até uma travessia de balsa. 

A nova casa temporária do animal tem 15 mil metros quadrados (tamanho aproximado de dois campos de futebol) e ali ele vai aprender a viver sozinho, atiçando seus instintos selvagens, como caça e defesa. Xamã deve ficar por cerca de dois anos no local e, depois, finalmente poderá retornar a seu ambiente de origem.

O resultado, além de demonstrar o sucesso do trabalho de recuperação, será um êxito para a espécie: estando saudável, Xamã poderá se reproduzir na natureza, ajudando a preservar a existência das onças-pintadas. De acordo com os pesquisadores, a história pode incentivar novos casos de reintrodução de animais selvagens em seu habitat natural.

Onça-pintada
É o maior felino do continente americano e está ameaçada de extinção no Brasil. As onças-pintadas vivem nos biomas brasileiros Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal.

O caso do Pantanal é especialmente difícil para as onças-pintadas: as queimadas nos últimos anos consumiram 31% do bioma, afetando o habitat de 45% desses felinos que vivem ali. A espécie também sofre com a caça ilegal. Por tudo isso, o caso de Xamã traz esperança aos pesquisadores de que a ciência possa colaborar com o aumento do número de onças-pintadas no Brasil. 

Fontes: G1, TV Globo, UOL e WWF.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 200 do jornal Joca.

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