Recentemente, um sinal de alerta acendeu entre médicos que atendem pessoas com dependência: o número de crianças e adolescentes envolvidos com apostas esportivas vem aumentando. “Não trabalho com crianças e adolescentes, mas, nos últimos tempos, tenho recebido pacientes entre 13 e 14 anos que já têm sinais de adição [dependência]”, diz Carla Bicca, coordenadora da Comissão da Psiquiatria das Adicções, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Segundo Carla, a Copa do Mundo do Catar deu grande impulso aos sites de apostas esportivas. Os números comprovam: o Brasil foi o país que gerou o maior volume de visitas em 2022, com crescimento de 75% nos acessos, segundo levantamento da Similarweb.

#pracegover: ilustração mostra um jovem fazendo apostas esportivas no computador em um quarto. Ao lado dele há outro menino, no celular. Ao redor, várias fichas de jogos, dinheiro, além de uma bola de futebol. Crédito de imagem: ilustração criada pela IA do Bing

Por que os jovens apostam?
O Fundo das Nações Unidas Para a Infância (Unicef) fez uma pesquisa sobre o tema em 2021, na Geórgia, Estados Unidos. Ao ouvir mil adolescentes entre 14 e 17 anos, a entidade descobriu que 40% dos jovens jogavam para ganhar dinheiro e um terço fazia isso para passar o tempo.

O estudo também mostrou que 80% dos entrevistados não haviam recebido informação sobre o risco de dependência e 90% não tinham interesse em saber mais. “Só vamos nos dar conta de que realmente é um problema quando os números já estiverem muito altos”, lamenta Luiza Dalmazo, influencer que oferece orientação financeira a crianças e jovens.

Propaganda
A pouca idade é um agravante para o desenvolvimento da dependência. “Quanto menor a idade, maior a suscetibilidade, porque o cérebro ainda não está totalmente formado”, diz o psicólogo Maurício Cotrim. Além disso, o acesso contínuo e sem bloqueios, principalmente via celular, facilita a dependência. E ainda há outro fator: a propaganda intensa das casas de apostas, que vão do comercial de TV às placas de publicidade nos gramados. Também é comum ver a marca desses sites estampada na camisa dos principais clubes de futebol.

Para atrair ainda mais, quem faz as propagandas são os próprios atletas, muitas vezes ídolos das crianças e adolescentes. Os anúncios falam sempre dos ganhos e benefícios desse tipo de atividade, porém deixam de lado os riscos e os prejuízos causados.

PAÍSES QUE MAIS VISITARAM SITES DE APOSTAS ESPORTIVAS EM 2022 (em acessos)

☞ Brasil – 3,2 bilhões

☞ Reino Unido – 1,6 bilhão

☞ Nigéria – 1,3 bilhão

☞ Turquia – 950 milhões

☞ Estados Unidos – 780 milhões

Fonte: Similarweb.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 213 do jornal Joca.

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