Pedro Oliveira

No fim de janeiro, os Estados Unidos enfrentaram uma nevasca que causou forte queda nas temperaturas do país. Em um cenário de frio intenso, com os termômetros atingindo até 8 graus Celsius (ºC) negativos, moradores dos estados da Carolina do Norte e do Texas registraram jacarés vivos em lagos congelados, com o focinho para fora do gelo. As imagens viralizaram nas redes sociais, incluindo uma postagem do Swamp Park, santuário de jacarés na Carolina do Norte, em que era possível ver os répteis dentro do gelo com o focinho para fora e os olhos fechados. Os registros chamaram a atenção para a capacidade de adaptação que esses animais têm de sobreviver mesmo em temperaturas extremas. 

Como isso é possível? 
Em entrevista ao Joca, o biólogo Guilherme Domenichelli explicou que o fenômeno ocorre porque algumas espécies de répteis (como os jacarés desta história) que vivem em locais mais gelados entram em um estado chamado de brumação, algo semelhante à hibernação dos mamíferos.

Para entrar em brumação, o metabolismo (reações químicas do organismo para manter o ser vivo) do jacaré se torna mais lento. Assim, os batimentos cardíacos ficam mais vagarosos e o réptil gasta menos energia. Durante todo esse período, ele não se alimenta e fica em uma posição estática, com o focinho para fora para respirar.

O biólogo ainda explicou que o processo não causa problemas à saúde do animal, que é adaptado a ele. No entanto, assim que as temperaturas voltam a subir e o lago descongela, o jacaré precisa buscar rapidamente um modo de se alimentar para compensar a falta de nutrição durante a brumação, em que ele perde muito peso e fica debilitado. 

FONTES: CNN BRASIL, O GLOBO E NPR.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 217 do jornal Joca.

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