Países e organizações de todo o mundo têm se unido para ajudar as vítimas do terremoto que atingiu as porções centro e sul da Turquia e norte e oeste da Síria, em 6 de fevereiro. O abalo foi considerado o maior da região desde 1939, registrando magnitude de 7,8 graus na escala Richter, além de um segundo terremoto de 7,5 graus e outros tremores secundários. Até o fechamento desta edição, eram mais de 43 mil mortos.

A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou, na segunda semana de fevereiro, que irá liberar 25 milhões de dólares (cerca de 130 milhões de reais) do Fundo Central de Resposta de Emergência para apoio urgente aos dois países atingidos. Esse fundo foi criado há mais de 15 anos e tem como objetivo socorrer vítimas de crises humanitárias.

Dias depois, António Guterres, secretário-geral da ONU, anunciou apelo humanitário de 397 milhões de dólares para a Síria e um bilhão de dólares para a Turquia — somas que correspondem, respectivamente, a algo em torno de 2 bilhões e 5 bilhões de reais. O apelo é para que os países-membros da organização arrecadem, juntos, os valores divulgados.

Além disso, outras entidades da ONU estão atuando em resposta à crise. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, enviou suprimentos, como medicamentos e itens cirúrgicos, para socorrer 400 mil vítimas. Já o ACNUR (Agência da ONU Para Refugiados) conseguiu, no primeiro dia após o abalo, enviar dez mil itens não alimentícios, como cobertores térmicos, tendas e colchões.

“Nós estávamos atuando nessa região antes de o terremoto acontecer, porque a Síria é um dos principais países em número de pessoas refugiadas no mundo”, disse Miguel Pachioni, assessor de comunicação do ACNUR, ao Joca. “Então, houve uma crise dentro de outra crise já existente. Isso torna a realidade das pessoas que já estavam vivendo em situação de vulnerabilidade ainda mais complexa”, completou.

Regulamentação turca
Segundo a Agência de Gerenciamento de Emergências e Desastres da Turquia, quase 6 mil prédios desabaram por conta dos tremores. O cenário, de acordo com especialistas, não seria tão grave se as normas locais para a construção de edifícios fossem respeitadas.

Algumas regras vinham sendo implantadas desde um abalo que atingiu o país em 1999. Uma delas é o Regulamento de Terremotos de Edifícios, revisado em 2018, que determina especificações para que as construções sejam seguras.

No entanto, nas últimas décadas, houve diversas denúncias de construtoras que pagaram taxa para não precisar cumprir com todas as determinações legais nas obras. Agora, a Justiça turca investiga possíveis casos de corrupção e quem seriam os responsáveis por erguer prédios irregulares que desabaram no último terremoto, matando milhares de pessoas.

#pracegover: pessoas, vítimas do terremoto, recebem doações. Mais ao fundo, é possível ver tendas montadas para dar assistência aos atingidos. Crédito de imagem: Ugur Yildirim/via Getty Images

Para Elisângela de Almeida Chiquito, professora da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é fundamental que a gestão de uma cidade tenha como foco ações preventivas aos problemas geográficos locais (como terremotos, no caso das cidades sírias e turcas). “[É importante] a incorporação de algumas questões no processo de planejamento urbano como a avaliação dos riscos geológicos do território ocupado”, disse ela em entrevista ao Joca. Sobretudo, é essencial que o governo, em parceria com iniciativas privadas e públicas, respeite as regulações, a fim de garantir a segurança da sociedade.

Glossário

Escala Richter: principal referência para saber a intensidade dos terremotos. De 7 a 7,9 graus o abalo pode ser devastador em até mil quilômetros. Refugiados: indivíduos forçados a deixar seu país para escapar de situações como guerras, conflitos e perseguições. Risco geológico: perigo de ocorrência de acidentes naturais em determinado lugar em virtude de sua localização geográfica, como terremotos, tsunamis e furacões.

Fontes: ONU, OMS, ACNUR, UOL, Agência Brasil, G1 e O Globo.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 200 do jornal Joca.

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