A museóloga Thaís Mayumi Pinheiro, em frente ao Museu Nacional, que pegou fogo em setembro. Foto: Arquivo pessoal.

por Martina Medina

A museóloga Thaís Mayumi Pinheiro, em frente ao Museu Nacional, que pegou fogo em setembro. Foto: Arquivo pessoal.

A carioca Thaís Mayumi Pinheiro, 29 anos, tem uma longa história com o Museu Nacional, no Rio de Janeiro (RJ), que pegou fogo há três meses (saiba mais na edição 119 do Joca). Além de ter frequentado o espaço quando era criança, fez um estágio ali durante dois anos enquanto cursava o Ensino Médio. Foi quando conheceu o trabalho de museólogos e concluiu que “se fizesse aquilo pelo resto da vida, seria feliz”.

Depois de terminar a graduação em Museologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UniRio), ela voltou a trabalhar no museu mais antigo do Brasil, onde está há quatro anos. Em homenagem ao Dia do Museólogo, comemorado neste dia 18 de dezembro, o Joca conversou com Thaís para explicar o que faz um profissional de museologia e saber as novidades sobre o Museu Nacional. Confira a entrevista!

O que um museólogo faz?
O profissional de museologia pode trabalhar com várias coisas que envolvem a conservação do patrimônio e da memória. Conservação de acervos, tanto preventiva (para que as peças não estraguem) como de restauro (quando elas estão danificadas e precisam de recuperação). Também montam exposições e pesquisam.
Por causa do nome, a gente associa esse profissional ao museu, mas ele não trabalha necessariamente só ali. O museólogo pode atuar também em centros culturais, institutos de memória, empresas, galerias de arte, secretarias de cultura, bibliotecas…

Qual é a importância da museologia para a nossa sociedade?
Para entender que o patrimônio cultural e a memória da nação são importantes para a construir a identidade de um povo. O museólogo estuda para entender melhor a relação das pessoas com o patrimônio material (como objetos e prédios) e imaterial (expressões culturais como música e dança), preservar e comunicar essa importância para as pessoas através de exposições, publicações e ações na internet.

Como é o curso de Museologia?
É interessante. Dá uma visão geral sobre todas as áreas em que a gente pode atuar na museologia, como conservação e administração. Também oferece uma formação básica em arte, história, zoologia, paleontologia e outras áreas do conhecimento.

Você frequentava muitos museus quando criança?
Sim. Sempre fui incentivada pelos meus pais. No final de semana sempre ia ver exposições novas, no Rio e em outras cidades quando viajava.

Quais são seus museus preferidos?
O Museu Nacional, é claro, o Museu Chácara do Céu e o Museu do Açude, todos no Rio. Além de ficarem em casas históricas, eles criam uma relação com o ambiente ao redor. No Museu Nacional, por exemplo, famílias fazem piquenique e brincam no espaço ao redor do parque Quinta da Boa Vista.

Incêndio atinge o Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, em setembro. Tânia Rego/Agência Brasil

Como é seu dia de trabalho no Museu Nacional?
Trabalho na sessão de museologia. Sou responsável pela manutenção da exposição (ver como estão as peças dentro das vitrines, se tem algo para ser consertado ou ajustado) e pela criação de novos temas para exposições dentro e fora do museu.
Por isso, mesmo depois do incêndio nosso trabalho continua. 90% do nosso acervo foram queimados, mas a gente tem muita coisa que não foi atingida e muita sendo recuperada. Agora, estamos planejando uma nova exposição, que deve ser inaugurada em janeiro no Centro Cultural da Casa da Moeda, primeira sede do Museu Nacional. O tema não posso falar ainda porque é surpresa!

Esqueleto de um titanossauro no Museu Nacional: esse foi o primeiro dinossauro de grande porte brasileiro montado para exposição no país. Foto: Museu Nacional/Divulgação

O que o Museu Nacional tem de especial?
É o museu mais antigo do Brasil: completou 200 anos em 6 de junho. Recebe muitas famílias e, por isso, faz parte da infância de muita gente. É um museu que não tem apenas exposições, mas também produz pesquisa e oferece cursos.

Do que as crianças mais gostavam no museu?
Das partes de paleontologia, onde estavam preguiças gigantes e dinossauros, de insetos, onde havia um grande pana pana (revoada de borboletas), e, é claro, das múmias.

Que características é preciso ter para ser uma boa museóloga?
Ser criativo, gostar de história, de ciência, trabalhar com pesquisas e gostar de pôr a mão na massa. Ser dinâmico, porque trabalha com coisas diferentes, como conservação, pesquisa, educação e público.

Tour virtual pelo Museu Nacional
O projeto “Por dentro do Museu Nacional” permite navegar por parte de seu acervo antes do incêndio. Parceria entre o Google e o museu, a plataforma oferece uma viagem em 360º pelas salas da instituição e oito exposições.

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