Um dos objetivos é combater a inflação no país
O governo argentino anunciou, em 27 de agosto, novas medidas para incentivar o consumo, valorizar o peso (moeda local) e combater a inflação (aumento generalizado de preços), que ultrapassou os 100% ao ano no país.
Entre as iniciativas estão: crédito com melhores condições para os trabalhadores, por exemplo, pagarem dívidas; redução de impostos para autônomos (pessoas que trabalham por conta própria); e acréscimo de 37 mil pesos (cerca de 525 reais) para os aposentados nos próximos três meses.
A crise econômica na Argentina fez aumentar o número de roubos e saques a comércios no interior e até na capital, Buenos Aires. O país também vive um momento de tensão política: a eleição à presidência será entre outubro e novembro.
Histórico de crise
Em entrevista ao Joca, Juliana Inhasz, professora e coordenadora do curso de economia do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), explica que o cenário atual é consequência do passado.
“Desde as décadas de 1980, 1990, a Argentina tem uma economia em crise, com grande endividamento [impossibilidade de pagar as contas]. Esse cenário fez com que o país perdesse muito da credibilidade”, afirma ela. “O aumento da inflação levou as pessoas a perder poder de compra. Então, elas consomem cada vez menos. A economia cresce muito pouco, o que não favorece a criação de novos empregos. Essa bola de neve só aumenta”, diz.
Para a professora, as novas medidas do governo poderão ter efeito negativo: com novos gastos (em razão dos benefícios anunciados à população, por exemplo), a Argentina enfrentará mais dificuldades para bancar suas contas.
ALGUMAS DAS CONSEQUÊNCIAS DA CRISE NA ARGENTINA*
☞ Em torno de 38% da população argentina vive na pobreza — um aumento de 2 milhões de pessoas em 2023 na comparação com 2022.
☞Reflexo nos países vizinhos: a Argentina é o terceiro principal parceiro comercial do Brasil e, com a crise, deixa de comprar produtos brasileiros.
*DADOS DO INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICAS E CENSOS DA ARGENTINA.
Glossário
IMPOSTOS: taxas que os governos cobram da população. O dinheiro arrecadado é utilizado em áreas como educação e saúde.
SAQUES: quando pessoas invadem e roubam comércios.
Fontes: CartaCapital, CNN Brasil, G1, Metrópoles, O Globo e Poder360.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição 211 do jornal Joca.
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