No dia 3 de fevereiro, a Marinha do Brasil (parte das Forças Armadas responsável pela segurança dos rios e mares brasileiros) afundou o porta-aviões São Paulo, que não era usado desde 2018. A decisão provocou polêmica, já que a embarcação tinha, no casco, mais de 9 toneladas de amianto, substância tóxica que representa risco para a fauna e flora do oceano, além de ser causadora de doenças graves, como câncer.

Um porta-aviões é uma embarcação que possibilita a decolagem e aterrissagem de aeronaves no meio do mar. O São Paulo pertencia à Marinha francesa, mas, no ano 2000, foi transferido para a Marinha brasileira. Contudo, por precisar de reparos frequentes, veio a decisão de aposentá-lo, o que estava previsto para daqui 20 anos.

Em 2021, uma empresa da Turquia chegou a comprar o porta-aviões para aproveitar a estrutura, mas o governo do país não autorizou a entrada da embarcação. Segundo autoridades turcas, o Brasil não apresentou um relatório listando os materiais tóxicos que estavam no porta-aviões.

A companhia ainda tentou atracar a navegação em Pernambuco, mas foi impedida pelo governo do estado em consequência dos riscos ambientais. Após os impasses, a Marinha afirmou que, por ser arriscado levar a embarcação à costa e diante da possibilidade de ela afundar de modo espontâneo, o melhor a fazer seria realizar um afogamento planejado.

E o meio ambiente?
Especialistas têm criticado a decisão do órgão. Em entrevista ao Joca, Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP) e coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, acredita que houve erro na decisão da Marinha.

#pracegover: o porta-aviões São Paulo tem cor acinzentada e branca e navega no mar. Ele tem rampas e uma torre em sua composição. Crédito de imagem: MARINHA DO BRASIL/FOTOS PÚBLICAS

“A grande preocupação que os ambientalistas e cientistas estão trazendo é até que ponto esse amianto poderá entrar e contaminar a cadeia alimentar, afetando a vida marinha e o funcionamento dos ecossistemas, podendo também, indiretamente, contaminar alimentos consumidos pelo ser humano. O correto seria que esse produto fosse retirado do porta-aviões em um processo de tratamento da embarcação para prepará-la para o afogamento.”

Em nota, sobre a decisão de afundar o porta-aviões, a Marinha afirmou: “As análises consideraram aspectos relativos à segurança da navegação e ao meio ambiente, com especial atenção à mitigação [suavização] de impactos à saúde pública, atividades de pesca e ecossistemas”.

Fontes: Folha de S.Paulo, G1, O Globo, UOL e Veja.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 200 do jornal Joca.

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