O presidente russo, Vladimir Putin , anunciou, em 21 de setembro, a convocação de reservistas do país para reforçar as tropas no conflito contra a Ucrânia. Segundo o governo russo, serão recrutados cerca de 300 mil cidadãos, o que corresponde a 15% do total de reservistas russos.

Reservistas são civis (pessoas que não seguiram a carreira militar) que, em tempos de guerra, podem ser convocados para atuar nas Forças Armadas. Cada país tem as próprias regras sobre isso e, na Rússia, desobedecer ao recrutamento é crime. Em pronunciamento, Putin afirmou que só pessoas com experiência militar seriam chamadas.

Protestos entre a população
A convocação, no entanto, criou insatisfação em parte da população, gerando protestos e saídas em massa do país — algumas regiões da Rússia já adotaram restrições para impedir a saída de homens convocados.

“Na Rússia, o serviço militar de 12 meses é obrigatório para homens entre 18 e 27 anos, salvo exceções. Mas a mobilização [recrutamento] abrange homens de várias faixas etárias, para distintos postos militares. Oficialmente, foi declarada a quantia de até 300 mil convocações, porém o número pode ser maior”, explica Vicente Ferraro, cientista político e pesquisador da seção Rússia e Eurásia do Laboratório de Estudos da Ásia da Universidade de São Paulo (LEA-USP).

De acordo com outro cientista político, Antonio Henrique Lucena, professor na Universidade Católica de Pernambuco, mesmo com as difi culdades de acesso a informações sobre a Rússia, é possível perceber certas irregularidades na convocação dos reservistas. “A mobilização parcial de fato está acontecendo em regiões como Moscou [capital], São Petersburgo e outras grandes cidades. Mas no interior da Rússia, em localidades com, principalmente, minorias étnicas [como refugiados] e pessoas mais pobres, o recrutamento tem sido quase total”, diz Lucena.

Viajantes caminham por estrada entre a Rússia e a Georgia, em 28 de setembro, dias após a convocação feita por Vladimir Putin | #pracegover: Rodovia cercada de montanhas com vegetação em tons de verde e rochas acinzentadas. No meio, há carros em movimento e na lateral homens caminhando com malas e mochilas. Crédito de imagem: Daro Sulakauri/Getty Images

O governo russo reconheceu que alguns homens considerados inaptos (como idosos, doentes e pessoas sem a experiência militar exigida) à convocação foram chamados por engano e prometeu reparar tais erros.

RÚSSIA ANEXA REGIÕES DA UCRÂNIA
Em 30 de setembro, Putin assinou a anexação ao território russo de quatro regiões ucranianas: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia (área equivalente ao território de Portugal). Elas já estavam, parcial ou totalmente, ocupadas pelas forças russas. De acordo com o governo da Rússia, as regiões passaram por referendos (votação popular) que tiveram resultado a favor da anexação. A Ucrânia e outras nações alegam que a votação foi uma farsa. Ainda no dia 30, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse que a anexação é ilegal e que os territórios sempre serão parte da Ucrânia.

Fontes: BBC, CNN Brasil, Exame, Folha de S.Paulo, G1, Jornal Nacional e O Globo.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 195 do jornal Joca.

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