A paralisação pode afetar a estreia de novas temporadas de algumas séries, como Stranger Things
O Sindicato dos Roteiristas da América (WGA, na sigla em inglês) anunciou, em 2 de maio, que os profissionais do setor nos Estados Unidos entraram em greve depois que uma extensa negociação com a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP, na sigla em inglês) terminou sem acordo. Essa é a primeira greve dos roteiristas em 15 anos.
Os grevistas fazem três exigências principais, que os produtores (como Disney e Netflix) alegam não poder cumprir. A primeira é salários mais altos. Hoje, quase metade dos roteiristas norte-americanos recebe o valor mínimo estabelecido pelo sindicato, enquanto o salário de um profissional no cargo mais alto do segmento caiu 4% nos últimos dez anos.
A segunda exigência é a criação de um sistema compensatório para séries e filmes que ficam por anos nos catálogos de streaming. Até pouco tempo atrás, boa parte da renda de um roteirista vinha dos “residuais”: valores pagos quando uma produção é reprisada na TV ou um DVD é vendido. Com a ascensão das plataformas de streaming, a prática está desaparecendo e os pagamentos são fixados anualmente, sem importar o sucesso do filme ou da série. Isso se traduziu em prejuízo financeiro para os roteiristas.
A terceira demanda é sobre Inteligência Artificial (IA). O sindicato exige que as produtoras não usem IA para criar roteiros com base em obras antigas. A entidade também quer proibir que um roteirista seja contratado apenas para revisar e aprimorar uma história feita via IA.
Consequências
Os primeiros impactos da greve poderão ser senti- dos em programas de entrevistas, que têm roteiros novos todos os dias. Séries que já estão sendo gravadas serão lançadas normalmente, mas as que estão em estágios iniciais, como a nova temporada de Stranger Things, poderão ter adiamentos. Filmes serão os menos afetados, pois os grandes lançamentos de 2023 já foram roteirizados.
Greve anterior
Entre 2007 e 2008, os roteiristas pararam por cem dias. Isso levou séries a ter temporadas mais curtas ou serem adiadas, enquanto reality shows e reprises do- minaram a TV dos EUA.
Fontes: G1, Folha de S.Paulo, CNN Brasil, USA Today, Deadline, BBC e LA Times.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição 205 do jornal Joca.
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