Vinicius Campos, conhecido apenas como Vini, é ator, apresentador de programas infantis da Disney e vive na Argentina com a família. Porém, foi na escrita que ele encontrou espaço para falar sobre muito mais do que é possível na TV. Um dos diversos livros que Vini publicou é O Amor nos Tempos do Blog, inspirado em um clássico de nome parecido, O Amor nos Tempos do Cólera, do colombiano Gabriel García Márquez.

A obra de Vini conta a história de amor entre Bernardo e Luz, jovens autores dos respectivos blogs Ariza em Silêncio e Cinderela Virtual. Os estudantes do 6º ano da Emef Professor Ricardo Vitiello, em São Paulo (SP), leram o livro e receberam o autor, em videoconferência, para uma conversa. 

#pracegover: Vinicius Campos está parado com as mãos nos bolsos da calça jeans. Ele veste camiseta branca. Crédito de imagem: divulgação

O que levou você a ter vontade de ser escritor? 
Eu sempre escrevi. Quando era criança, acordava e ia escondido para o computador escrever novelas, livros, tudo que vinha à minha cabeça. Mas eu não achava que isso era uma profissão. Quando vim para a Argentina, eu tinha muito tempo livre, e o contrato com a Disney não me permitia fazer outros programas, peças de teatro nem comerciais de TV. Porém livro podia. Aí comecei a escrever e foi, inclusive, uma maneira de falar tudo aquilo que eu queria, mas não tinha espaço na TV. Meu primeiro livro se chama Expedições do Vini: Famílias, sobre diferentes tipos de família, para além do padrão com pai e mãe biológicos e seus filhos. 

O Amor nos Tempos do Blog é baseado em uma história real? 
Quando eu tinha 20 anos, namorava uma garota muito linda, mas ela terminou comigo. Eu fiquei muito triste. Então, uma prima que morava no Recife (PE) me falou: “Vem passar o Carnaval aqui, que é ótimo para esse tipo de dor no coração”. Nós fomos para Olinda, uma cidade vizinha, ficar em uma casa só com jovens. Quando cheguei, descobri que os amigos dela eram dez pessoas surdas, porque ela trabalhava como intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras). Estando na casa, comecei a perceber que, na verdade, era apenas outra língua. Passei a olhar para eles de igual para igual. Quando eu escrevi o livro, o Bernardo [protagonista] era meu amigo e namorava a Michele de verdade nessa viagem. Mas a história de amor, em que eles se encontram na biblioteca, eu criei. Só o Bernardo e a Michele que existem. 

A principal mensagem do seu livro é que o amor resiste a qualquer dificuldade? 
Eu não sei. Você viu que os pais se separam, né? Tem a história de amor do Bernardo com a Luz, que dá certo, e a dos pais, que acaba. Eu botei essa outra história porque acho que os contos de fada mentem para a gente, dizendo que há um “felizes para sempre”. O amor é um sentimento, dura enquanto vale a pena. Se eu me casar com alguém que amo, mas essa pessoa depois me tratar mal, o amor vai acabar. Ou, às vezes, o amor acaba mesmo sem isso acontecer. Vinicius de Moraes, meu xará, compositor carioca, dizia: “Que seja infinito enquanto dure”. Quando a gente está com a pessoa, acha que é para sempre. Mas, se terminar, está tudo certo também. O importante é acabar com respeito, sendo carinhoso um com o outro. 

Alunos da Emef Professor Ricardo Vitiello durante a entrevista | #pracegover: diversas crianças estão sentadas em carteiras, em uma sala de aula, enquanto Vini Campos aparece em uma tela para a videoconferência. Crédito de imagem: arquivo pessoal

Você pretende lançar uma série relacionada com esse livro? 
Eu tenho muita vontade de transformar O Amor nos Tempos do Blog em um filme e já estou conversando com várias pessoas para tentar fazer com que isso aconteça. Mas sabe algo que eu acho que estraga? Em Harry Potter, por exemplo, antes de ter um filme, cada um imaginava o Harry de um jeito diferente. Só se sabia que ele tinha um raio na testa. Desde que vieram os filmes, quando eu falo sobre o Harry Potter, todos pensam no ator Daniel Radcliffe. Então, o livro é legal porque escrevemos juntos, eu coloco as palavras e vocês, leitores, a imaginação. 

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 212 do jornal Joca.

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