Em 18 de abril, comemorou-se o Dia Nacional do Livro Infantil e, em 23, o Dia Mundial do Livro. Para marcar essas datas, Davi K., 10 anos, integrante do Clube do Joca, decidiu conversar com a escritora Telma Guimarães. Davi conheceu o trabalho de Telma na escola, depois que a turma dele leu o livro O Caso Arrepiante do Esqueleto Astolfo, escrito por Telma e Jonas Ribeiro. Confira.

#pracegover: Telma está sentada e com os braços apoiados sobre o encosto da cadeira. Ela é branca, tem cabelos castanhos e usa uma vestido vermelho e cor-de-rosa. No fundo, há uma parede branca com ilustrações coloridas. Crédito de imagem: DIVULGAÇÃO/VIVO KEYD/REDES SOCIAIS E ARQUIVO PESSOAL

Quantos livros você já escreveu?
São mais de 300 livros escritos e acho que 208 publicados — contando aqueles que não estão mais disponíveis. São 36 anos de carreira.

Qual livro marcou sua infância?
Eu nasci em 1955. Naquela época, o país não tinha tanta literatura infantil como hoje, não chegavam tantos livros de fora também. Então, o que me marcou muito foram escritores como Monteiro Lobato, Orígenes Lessa e Carlos Drummond de Andrade. Entre as décadas de 1960 e 1970, teve uma autora que fez muito sucesso, a Laura Ingalls. Ela tinha uma coleção de histórias norte-americanas, mas que não tinham nada a ver comigo. Eu achava lindo, porém não tinha relação com a minha infância. Mas, como eu gostava de livros, lia tudo.

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#pracegover: Davi, o repórter mirim desta entrevista, usava camiseta cinza com detalhes em azul-marinho. Ao fundo, um jardim. Crédito de imagem: arquivo pessoal

É muito chato quando o tipo de livro que você quer não está disponível, né?
É chato mesmo. Aí eu comecei a ler mais livros infantis quando os meus filhos nasceram, já nos anos 1980, porque o Brasil vivia uma situação melhor no mercado de importação de livros, além de autores brasileiros estarem em destaque. Então, na literatura, eu tive uma infância e adolescência bem tardia, fui ler esses livros com quase 30 anos. Foi quando eu decidi que queria escrever, queria viver em outros mundos e ter outras vidas — porque, quando você escreve, você vive esses personagens. E como foi quando você decidiu ser escritora? Decidi ser escritora quando os meus filhos chegavam em casa com esses livros da escola, e eu lia para eles à noite. Eu queria saber o que eles estavam lendo, porque sempre me interessei por isso, fiz faculdade de letras, ou seja, estudei para ser professora. Eu me deitava com eles para ler e, às vezes, encontrava histórias que escreveria de outras maneiras. Resolvi inventar histórias e contá-las não só para eles, como para os amigos deles que vinham em casa. Sempre tive essa plateia que queria ouvir mais histórias. Durante quatro anos, enviei meus livros para as editoras, para que os publicassem, mas elas não aceitavam. Até que finalmente consegui, porque nunca fui de desistir dos meus sonhos.

Qual foi o primeiro livro que você escreveu?
O primeiro que publiquei se chamava Cara de Pai, era uma história bem familiar, que contava muitas coisas que aconteciam dentro da minha casa, com os meus filhos. É mais fácil você começar escrevendo sobre você do que inventar um “novo você”. Para quem quer começar, esta é uma boa dica: escreva sobre você e as coisas que faz. Lógico que essas coisas podem não ser tão interessantes, mas aí é que entra a ficção: você pode aumentar acontecimentos e adicionar personagens interessantes que não existem de verdade.

Qual foi o livro que você mais gostou de escrever?
Difícil, Davi, porque cada livro tem um encanto. Às vezes, até a dificuldade me encanta, principalmente ao superá-la. Outras vezes, livros fáceis de serem produzidos também me encantaram. Eu tenho um carinho muito grande por cada um deles, não tem um de que eu goste mais do que outro.

Quando me perguntam qual meu livro favorito, eu também fico sem saber o que responder. Em qual projeto você está trabalhando atualmente?
Terminei um livro na semana que passou. Mas, mesmo quando a gente termina um livro, outros voltam para fazer correções. Então, neste ano, eu devo ter uns dez ou 12 lançamentos, o que é bastante — em 2022, foram 16, acho que foi o maior número que lancei em um ano. Eu trabalho com várias coisas ao mesmo tempo, é meio louco assim, mas normal para mim.

Qual mensagem você gostaria de deixar aos leitores do Joca?
Joca também é o nome de um personagem meu, do livro A Alegria da Classe, ele é um fantoche. Mas, olha, a mensagem que quero deixar é: o livro é insubstituível, nada fica no lugar dele. O livro tem a capacidade de transformar você em uma pessoa melhor, de levá-lo para outros mundos, de fazê-lo voar e se transformar em outras pessoas e voltar a ser você mesmo, sempre retornando como alguém melhor. Eu nunca sou a mesma depois de uma leitura. Sempre sou uma pessoa um pouco melhor, porque eu aprendo algo novo. Espero que vocês sejam conquistados pela leitura de um livro, mesmo que seja difícil.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 204 do jornal Joca.

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