Segundo os pesquisadores, os répteis têm características de interação tão complexas como as de qualquer outro ser vivo, porém os estudos sobre seu comportamento acabam sendo feitos em menor escala. Crédito de imagem: Getty Images

Um novo estudo feito na Califórnia, Estados Unidos, publicado, em 6 de julho, pela revista científica Frontiers in Ethology, mostrou que as cobras têm um comportamento bastante parecido ao dos seres humanos: em situações de estresse, esses animais ficam menos nervosos quando estão acompanhados por outros da mesma espécie. Esse fenômeno é conhecido como amortecimento social.

Para o estudo, foram observados cascavéis do Pacífico Sul, comuns no sul da Califórnia. A ideia para o projeto começou quando o doutor William Hayes, professor de ciências biológicas e da terra na universidade de Loma Linda, na Califórnia, e que também atua em uma equipe de pesquisa da entidade, percebeu algo diferente enquanto levava cobras resgatadas de áreas residenciais no carro. Segundo William, as cobras que estavam em baldes acompanhadas por outras faziam menos barulho e se chacoalhavam menos. Já as que estavam sozinhas se movimentavam mais e abanavam a cauda, emitindo o som de alerta que transmitem quando se sentem ameaçadas. 

O doutor Williams trabalhou com Chelsea Martin, estudante de doutorado na Loma Linda e autora do estudo, para analisar cientificamente como as cobras se comportavam em situações de estresse quando estavam acompanhadas.

O experimento e resultados

Foram observadas 25 cascavéis do Pacífico Sul, dentre elas cobras que vieram de áreas naturais distintas (algumas eram de áreas baixas e, outras, das montanhas). As cobras de áreas baixas já têm um padrão de comportamento em que, durante o frio, hibernam juntas para se aquecer mais. Por isso é importante ressaltar que a pesquisa levou em conta animais da mesma espécie que detinham perfis diversos.

Os répteis foram colocados em ambientes com canos, simulando um cenário perturbador. Então, foi utilizado um monitor de frequência cardíaca (aparelho que consegue detectar o tempo das batidas do coração) para medir o nível de estresse das cobras em cada situação.

Foram três alternativas observadas: primeiro, foram analisadas as cobras que estavam em companhia de outro réptil. Em segundo, cobras que estavam ao lado de um pedaço de corda do tamanho de uma cobra (para garantir que o estresse poderia ser reduzido apenas ao lado de outro animal, e não de um objeto). E, por fim, a cobra sozinha no ambiente estressante.

A conclusão foi de que o batimento cardíaco das cobras que estavam em companhia era muito mais lento em comparação ao dos animais que foram colocados no ambiente sozinhos ou ao lado da corda. O resultado se aplicou tanto para cobras machos e fêmeas como para cobras das montanhas e de áreas baixas.

Agora, a ideia é de que estudos como esse possam se expandir e trazer mais dados concretos sobre comportamentos sociais dos répteis. Segundo os pesquisadores, os animais possuem características de interação tão complexas como as de qualquer outro ser vivo. No entanto, os répteis não são amplamente estudados na área comportamental em comparação a outros animais. Além disso, não são animais muito aceitos e compreendidos pelas pessoas em geral.

“As pessoas geralmente têm muito medo de cobras, mas elas não são tão diferentes de nós. Elas têm mães que cuidam dos filhos; são capazes de reduzir o estresse quando estão juntas. Isso é algo que nós, como humanos, também fazemos”, ressaltou Chelsea Martin, autora da pesquisa. 

Fontes: CNN e Frontiers in Ethology. 

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Comentários (1)

  • SME TS ALUNO 57

    8 meses atrás

    Eu n sabia que os

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