Ales Bialiatski e os símbolos das organizações Memorial e Centro Para as Liberdades Civis. Imagem: Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach

No ano da guerra na Ucrânia, o comitê do Nobel resolveu dar o prêmio da paz a duas entidades e a um ativista bielorrusso. As instituições reconhecidas foram a organização internacional russa pelos direitos humanos, chamada Memorial, e o Centro Para as Liberdades Civis, da Ucrânia. Já o bielorrusso é Ales Bialiatski. Os três vencedores foram anunciados em 7 de outubro. 

Criada em 1987, a instituição Memorial é a maior da Rússia quando o tema é direitos humanos. Sua fundação teve como objetivo lembrar as vítimas de repressão por parte do regime da época, documentando informações sobre elas e o cenário do país. Desde então, a entidade funcionou como uma fonte de dados sobre os presos políticos e casos de violação de direitos humanos na Rússia, incluindo no governo do atual presidente, Vladimir Putin. No entanto, a instituição foi dissolvida, em dezembro de 2021, por autoridades locais. Na época, o presidente da organização, Yan Rachinsky, afirmou: “Ninguém [do Memorial] planeja desistir”.

Já o Centro Para as Liberdades Civis, da Ucrânia, foi fundado, em 2007, para promover os direitos humanos e a democracia no país. Atualmente, a organização tem como objetivo documentar supostos crimes de guerra da Rússia executados contra a população ucraniana durante a guerra.

O ativista bielorrusso Ales Bialiatski. Foto: reprodução YouTube

O ativista Ales Bialiatski, terceiro premiado, também se dedica à promoção da democracia. Ele fundou, em 1996, um movimento contra algumas alterações na constituição (conjunto de leis) de seu país que deram poderes absolutos ao presidente, Aleksandr Grigorievitch Lukashenko – que governa a Bielorrússia até hoje. Por se manifestar contra o regime local, o ativista foi preso duas vezes (de 2011 a 2014 e de 2020 até hoje). 

História do Prêmio Nobel
A premiação foi ideia do químico sueco Alfred Nobel, que viveu entre 1833 e 1896 e criou a dinamite. Um ano antes de morrer, ele definiu que o dinheiro que conseguiu graças à invenção fosse doado, anualmente, a pessoas que tivessem mudado a humanidade. Assim, alguns anos após a morte do químico, a Fundação Nobel, que era responsável por administrar sua herança, começou a premiar, todos os anos, aqueles que tivessem feito alguma contribuição incrível para o mundo.

Outros premiados
Além da paz, o comitê do Nobel reconheceu personalidades em mais quatro categorias: medicina, literatura, física e química. Confira os vencedores:

Medicina: o biólogo Svante Pääbo, da Suécia, foi escolhido por sequenciar (ou seja, traduzir) o código genético dos neandertais, espécie mais parecida com a humana e já extinta. Em virtude de seus trabalhos, o cientista ajudou a saber quais são as principais diferenças entre essa espécie e os humanos. 

Svante Pääbo. Imagem: Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach

Química: o norte-americano Barry Sharpless, que já tinha ganhado o prêmio em 2001, dividiu a homenagem da vez com Carolyn Bertozzi, também dos Estados Unidos, e Morten Meldal, da Dinamarca. Eles receberam a homenagem por simplificar a criação de moléculas que ajudaram a criar tratamentos contra o câncer. A expectativa é de que as descobertas ainda sejam usadas para melhorar outros produtos na medicina.  

Da esquerda para a direita, Carolyn Bertozzi, Morten Meldal e Barry Sharpless. Imagem: Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach

Física: pelos trabalhos que colaboraram para tornar sistemas e computadores mais seguros, o francês Alain Aspect, o norte-americano John Clauser e o austríaco Anton Zeilinger vão dividir o prêmio de física. 

Da esquerda para a direita, Alain Aspect, John Clauser e Anton Zeilinger. Imagem: Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach

Literatura: o prêmio foi concedido à escritora francesa Annie Ernaux. Em seus livros, ela busca relatar as próprias experiências, levantando temas como a desigualdade de gênero e entre classes sociais. Em consequência, o comitê a homenageou pela coragem.

Annie Ernaux. Imagem: Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach

Economia: por produzirem pesquisas sobre o motivos pelos quais os bancos são necessários, quais são suas fragilidades e como resolvê-las, os norte-americanos Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig foram escolhidos para receber a honraria. Conhecido popularmente por Nobel da Economia, esse prêmio, na verdade, foi criado pelo Banco Central da Suécia, mas é uma homenagem a Alfred Nobel e, por isso, segue os princípios das categorias originais.

Da esquerda para a direita, Ben Bernank, Douglas Diamond e Philip Dybvig. Imagem: Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach

Glossário
Democracia:
no sistema democrático todos têm o direito de ser ouvidos e dar opinião (como por meio do voto nas eleições). Mesmo nos casos de discórdia, todos devem trabalhar juntos para a criação de uma sociedade justa e igualitária.

*Texto atualizado em 10 de outubro de 2022, às 18h44, para adicionar os vencedores do Nobel de Economia.


Fontes: BBC, Correio Braziliense, Estadão, Folha de S. Paulo, Forbes, Gaúcha ZH, G1, G1, Poder360 e UOL.

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