Manifestações acontecem principalmente em Paris, capital do país
Desde o dia 27 de junho, a França vem enfrentando uma forte onda de protestos após um adolescente de 17 anos ter sido morto pela polícia francesa na cidade de Nanterre, perto de Paris. O argelino Nahel M. estava dirigindo um carro quando foi abordado por dois policiais em uma blitz de trânsito (parada policial para checar se o motorista e seu automóvel estão de acordo com a lei). Um vídeo mostra que um dos policiais atirou quando Nahel não cumpriu a ordem de parar o carro.
Mais de 3 mil pessoas foram detidas desde o começo dos protestos. Cerca de 45 mil policiais foram enviados para conter as manifestações. Prédios e carros foram incendiados, vias interditadas e até a casa do prefeito Vincent Jeanbrun, da cidade L’Haÿ-les-Roses, foi invadida.
Por ordem do ministro do Interior, Gérald Darmanin, o transporte público da região em que os protestos acontecem, principalmente em Paris, foi interrompido a partir das 21h. “Uma noite de violência intolerável contra os símbolos da República: câmaras municipais, escolas e esquadras de polícia incendiadas ou atacadas”, escreveu Darmanin no Twitter. Além de Paris e Nanterre, as manifestações estão sendo realizadas nas cidades de Marselha, Lyon, Lille e Toulouse.
Inicialmente, os policiais envolvidos no assassinato de Nahel alegaram que o disparo aconteceu em legítima defesa, após o adolescente ter jogado o carro contra os oficiais. No entanto, o vídeo divulgado na internet mostra que o disparo foi feito após o jovem acelerar o carro em direção oposta à dos policiais franceses, o que derruba o argumento de legítima defesa.
O vídeo também mostra que um dos policiais apontava a arma para Nahel desde o começo da abordagem. O oficial que realizou o disparo está detido após a Justiça francesa decretar prisão preventiva pelo crime de homicídio doloso (quando um assassinato é cometido intencionalmente). A prisão preventiva é uma medida de segurança que pode ser realizada antes do julgamento e condenação do acusado.
As autoridades também se declararam preocupadas com a grande quantidade de jovens nos protestos. Macron pediu que os pais mantivessem os filhos em casa e disse acreditar que as redes sociais estejam influenciando os adolescentes a participar das manifestações. O presidente francês disse ter pedido para que plataformas como TikTok e Snapchat retirassem do ar vídeos de violência urbana.
A Organização das Nações Unidas (ONU), entidade internacional que atua pela proteção dos direitos humanos e em prol da “paz e desenvolvimento mundial”, também se manifestou sobre o caso. “Este é o momento para que o país enfrente os profundos problemas de racismo e discriminação racial entre em suas forças de segurança”, declarou uma porta-voz do Alto Comissariado de Direitos Humanos.
A morte de Nahel também traz à tona, para muitos manifestantes, outros casos de violência policial no país que ocorreram em zonas periféricas (locais com menos recursos financeiros e mais afastados dos centros urbanos). Além disso, muito dos protestantes alegam que o assassinato do jovem argelino também esteja relacionado a um crime de racismo.
Glossário:
União Europeia: bloco econômico e político formado por 27 países do continente europeu
Fontes: Folha de S.Paulo, UOL, Valor Econômico, Jornal Nacional, CNN, G1, BBC, The Guardian, Publicação no Twitter de Gérald Darmanin, ONU e Reuters.
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