Recurso está presente em algumas redes estaduais e municipais de ensino
Redes públicas de ensino de ao menos 15 governos (entre estaduais e municipais) estão adotando o uso do reconhecimento facial em seus espaços, segundo relatório da InternetLab publicado em 16 de março. Entre elas, Jaboatão dos Guararapes (PE), Morrinhos (GO), Angra dos Reis (RJ), Itanhaém (SP) e Xaxim (SC). A tecnologia detecta a identidade de uma pessoa pela imagem do rosto. Entre os benefícios está a facilidade do controle da entrada e saída de estudantes nas escolas. A medida, porém, também tem recebido críticas.
No relatório, os pesquisadores da InternetLab analisaram como o reconhecimento facial está sendo usado e com quais objetivos. Segundo Clarice Tavares, uma das responsáveis pelo estudo e coordenadora da área de desigualdades e identidades, foi possível identificar que o interesse dos colégios pelo mecanismo se justifica, principalmente, pelo combate à evasão (abandono) escolar.
Em notas durante lançamentos do sistema, algumas prefeituras comentaram a novidade. “Os pais poderão acompanhar em tempo real a frequência dos filhos na escola, as notas, as atividades e se ele entrou ou saiu (…). O equipamento será instalado na entrada das escolas (…)”, disse mensagem do então secretário municipal de Educação e Cultura de Xaxim, Mauro de Oliveira, em março de 2022.
Clarice, porém, questiona a necessidade do mecanismo: “Não é muito claro como o reconhecimento facial seria mais eficaz do que uma chamada oral (…)”, afirmou. Para ela, a ferramenta não resolve os motivos que levam os alunos a abandonar a escola, como ter que trabalhar para ajudar nas contas da família.
A pesquisadora ainda explica que muitos desses sistemas têm mais facilidade em identificar rostos de homens brancos, o que gera injustiça com negros e asiáticos, por exemplo. Outra preocupação é o fato de os dados biométricos (informações físicas de alguém) serem muito pessoais e a possibilidade de que vazem para além do ambiente controlado da escola.
O Joca tentou contato com algumas das redes públicas que estão usando o reconhecimento facial, mas não recebeu retorno até o fechamento desta edição.
Fontes: Estadão, InternetLab e O Globo.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição 202 do jornal Joca.
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