O educador indígena Jorge Constant com alunas na Escola Estadual Ixubay Rabui Puyanawa. Crédito de imagem: Sergio Amaral/MDS/reprodução

Na última semana de abril, foi realizado, em Brasília (DF) o Acampamento Terra Livre (ATL), um encontro anual de representantes dos quase 300 povos indígenas que existem no Brasil. Um dos temas discutidos foi a Educação Escolar Indígena (EEI), que busca associar os conhecimentos exigidos pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) — uma série de diretrizes do governo indicando o que deve ser ensinado nas escolas — com os saberes próprios de cada povo.

“A nossa luta na Educação Escolar Indígena não é só para sair formados, e sim inteiros. Nós queremos que a escola seja cada vez mais ‘indigenizada’ [alinhada à cultura indígena], porque entendemos que a Terra é a nossa primeira professora, a mais antiga da humanidade”,

disse Célia Xacriabá (Psol), deputada federal indígena, durante o evento.

“Antes de tudo, é importante entender que existe a educação indígena e a Educação Escolar Indígena”, explica a professora Tayra Jurum Tuxá, representante do Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena (Fneei) da Bahia. A primeira, segundo ela, é referente a todo o conhecimento adquirido pelas crianças com a família e aldeia. Já a segunda se relaciona ao modelo de educação em que a cultura, o idioma, os costumes e a história do povo onde a instituição está situada são trabalhados dentro do ambiente escolar.

“Não existe uma única EEI. Cada povo (como os tuxá) tem a própria maneira de educar”, diz Tayra. Assim, as diretrizes da EEI passam por consumir literatura indígena, trazer a sabedoria de idosos do povo para a sala e até mesmo trabalhar os idiomas indígenas.

“Nós queremos que nossos alunos entendam que o português, mesmo sendo o mais utilizado, é a língua estrangeira, que veio da Europa. Fortalecer nosso idioma é o mesmo que nos fortalecer”,

Tayra Jurum Tuxá

Ana Beatriz A. J. Tuxá, estudante do Colégio Estadual Indígena Capitão Francisco Rodelas (BA), afirma que, desde pequena, aprendeu em sala de aula a afirmar sua identidade e ancestralidade. “Os professores têm o objetivo de nos preparar para o futuro, para enfrentá-lo de cabeça erguida, sem negar quem somos, entrando em universidades, marcando presença e existência”, declara.

Tayra conta que há também crianças que são matriculadas em escolas não indígenas. Nesses casos, há um despreparo generalizado por parte dessas instituições para receber esses alunos e, ao mesmo tempo, ensinar a todos os estudantes brasileiros a realidade desses povos, sem cair em ideias generalizadas.

“Uma vez, um filho indígena de uma amiga retornou de uma escola dizendo que não queria mais ser indígena, porque escutou que pessoas como ele pescavam peixe, algo de que ele não gostava”,

Tayra Jurum Tuxá

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Comentários (3)

  • Fernanda Doreto Rodrigues

    2 semanas atrás

    Legal essa notícia, quero que vocês façam mais!

  • GUIMONFORTE

    11 meses atrás

    oiiiiii

  • Ana Ju

    11 meses atrás

    mds cara

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