Vinicius Marques

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, cerca de 18,6% da população do Brasil tem algum tipo de deficiência visual, o que inclui baixa visão e cegueira. Muita gente, no entanto, não tem conhecimento sobre como é o dia a dia dessas pessoas.

Durante uma aula sobre rótulos de produtos, uma estudante do 1º ano do Colégio Santa Marcelina, no Rio de Janeiro (RJ), perguntou à professora Fernanda Silveira como os cegos faziam compras. A dúvida despertou a curiosidade da turma e da educadora, que decidiu elaborar um projeto com os alunos.

“Disse para eles que conhecia um casal de deficientes visuais que poderia nos ajudar”, conta Fernanda. “Os alunos então convidaram ambos para vir à nossa sala.” Na data combinada, os estudantes fizeram perguntas sobre a rotina deles e o braille, sistema de escrita tátil (ou seja, por toque). Bento C., 7 anos, por exemplo, achou muito interessante os livros em braille. “O meu tato não é tão apurado quanto o deles”, conta.

Os alunos de Fernanda ainda aprenderam que cabe ao governo e a nós, como sociedade, colaborar para que essas pessoas tenham seus direitos garantidos. No Centro de Apoio Pedagógico (CAP) de Francisco Beltrão (PR), indivíduos cegos e de baixa visão têm a possibilidade, desde 2022, de frequentar oficinas semanais, como de crochê e manipulação de alimentos e objetos.

“Aprender, por exemplo, a usar uma escovinha para higienizar as unhas ou como se locomover pela cidade traz mais autonomia para esses indivíduos”, explica a coordenadora do CAP, Lia Mara Soster. Jorge Daniel, 25 anos, fez a oficina de manipulação de alimentos e concorda com Lia. “Eu criei mais independência na cozinha e hoje tenho mais conhecimento sobre o modo correto de preparar os alimentos”, afirma.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 200 do jornal Joca.

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