Duas mulheres caminham ao lado da ponte Siose, no Irã, cobertas com o hijab. Foto: Getty Images/Izzet Keribar

Em 31 de janeiro, um casal iraniano foi condenado a dez anos de prisão por postar nas redes sociais, em 2022, um vídeo em que aparece dançando em público, na praça Azadi, em Teerã, capital do Irã. A decisão foi tomada pela Justiça do país, que interpretou o vídeo como um ato de provocação e rebeldia ao governo. O casal estava preso desde novembro de 2022, mas foi julgado só nesta semana. 

No Irã é proibido que mulheres dancem em público, especialmente ao lado de um homem. No vídeo, Astiyazh Haghighi, que aparece com o namorado, Amir Mohammad Ahmadi, também está com a cabeça descoberta, outro descumprimento das regras de vestimentas que são impostas às mulheres iranianas. Por essa razão, o vídeo rapidamente viralizou nas redes sociais, com ativistas encarando a postagem como uma manifestação e símbolo de liberdade contra o rígido regime do governo iraniano. Isso fez com que a publicação acabasse chegando ao conhecimento de representantes do governo do país, que encararam o gesto como um sinal de desrespeito e infração às leis. 

Para a Justiça do Irã, o caso fica ainda mais grave porque Astiyazh e Amir são influenciadores digitais, com grande número de seguidores nas redes e, consequentemente, mais alcance entre as pessoas, o que poderia estimular outras manifestações e atos de protesto no país. 

De acordo com a ONG Human Rights Activists News Agency (Hrana), o casal foi condenado por “incentivar a corrupção e atividades impróprias em público” e “se reunir com a intenção de perturbar a segurança nacional”, crimes considerados hediondos no Irã.

Com uma pena de dez anos e seis meses de prisão, os namorados também não podem mais ter acesso à internet ou sair do país. O casal não teve direito a defesa durante o julgamento ou a possibilidade de soltura com o pagamento de fiança (trocar a pena ou partes dela por um valor em dinheiro). 

Protestos após o caso Mahsa

Em setembro de 2022, após a morte de Mahsa Amini, jovem de 22 anos que faleceu depois de ser presa por descumprir as regras de vestimenta do Irã, foi iniciada uma onda de protestos em toda a nação, uma das maiores na história do país. Manifestantes protestavam contra o regime violento e opressivo do Irã e, durante os atos, muitos foram presos e mortos.

O vídeo postado por Astiyazh e Amir foi relacionado com os últimos atos de rebelião na nação, como um gesto de incentivo aos protestos. 

Relembre o caso de Mahsa e a onda de protestos que se seguiram no Irã .

Fontes: G1, UOL e O Globo 

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Comentários (1)

  • Hellena

    1 ano atrás

    Muito triste isso

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