Cartunista é um dos grandes nomes da literatura infantojuvenil brasileira
No dia 6 de abril, o cartunista e escritor brasileiro Ziraldo faleceu, aos 91 anos, de causas naturais. O velório foi realizado no dia seguinte, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), e teve a presença de amigos, familiares e fãs.
Quem foi Ziraldo?
Ziraldo Alves Pinto foi cartunista, escritor, apresentador, pintor e dramaturgo. Ele nasceu em 24 de outubro de 1932, em Caratinga (MG) e começou a desenhar ainda na infância. “Eu desenhava obsessivamente”, contou em entrevista ao programa de televisão Roda Viva, da TV Cultura, em 2018. “Você chegava à minha casa e era tudo desenhado: parede, chão, tudo”, relembrou.
A carreira de Ziraldo teve início na década de 1950, quando ele passou a escrever para publicações como O Cruzeiro e Jornal do Brasil. Em 1959, o mineiro criou A Turma do Pererê, história em quadrinhos com aventuras do Saci-Pererê ao lado de bichos falantes e do melhor amigo, Tininim. No ano seguinte, A Turma do Pererê se tornou uma das primeiras revistas em quadrinhos periódicas do Brasil.
Em 1980, Ziraldo publicou O Menino Maluquinho, seu trabalho de maior sucesso. Até hoje, o livro já vendeu mais de 4,1 milhões de exemplares. A história de um garoto que anda de um lado para o outro com uma panela na cabeça brincando com os amigos virou filme, desenho animado e até ópera infantil. “O Menino Maluquinho é o moleque típico brasileiro, que tem liberdade, é ousado, inteligente, esperto. É o moleque que eu gostaria de ter sido”, declarou o artista.
Para adultos, ele colaborou com a fundação de publicações como O Pasquim e Palavra, além de apresentar o programa ABZ do Ziraldo, em que entrevistava outros artistas, na TV Brasil.
FRASES MARCANTES DO CARTUNISTA
“O livro é o alimento da alma”, em entrevista à revista IstoÉ, em 2014.
“Eu tenho a solução para a questão da educação no brasil. É simples: a criança tem de chegar à universidade lendo e escrevendo como quem respira; é só isso o que a criança tem de aprender na infância: ler, escrever e contar”, ao jornal O Estado de S. Paulo, em 2012.
“Eu sempre disse que sou o adolescente mais longevo que já vi”, ao periódico Folha de S.Paulo, em 2017.
PERSONAGENS E HISTÓRIAS
A Turma do Pererê – 1959
Em uma época em que as bancas de jornais estavam tomadas por revistas em quadrinhos norte-americanas, A Turma do Pererê se destacou por trazer elementos brasileiros, como o nosso folclore, animais típicos e personagens indígenas. Foram 43 edições publicadas, até abril de 1964, com tiragem média de 120 mil exemplares, trazendo temas relevantes até hoje, como o respeito ao meio ambiente.
The Supermãe – 1968
A sátira do Super-Homem contava a história de Dona Clotildes, uma mãe que fazia de tudo para proteger o filho, Carlinhos. As histórias curtas eram publicadas no formato de tirinhas no Jornal do Brasil e, mais tarde, na revista Claudia. Em 2019, a editora Melhoramentos lançou um almanaque reunindo as principais histórias da personagem, que, muitas vezes, exagerava na superproteção.
Flicts – 1969
A obra narra a história de uma cor, a Flicts, que não se encaixa muito bem em lugar nenhum e se ressente por não ser tão vibrante quanto cores como vermelho e amarelo. No fim, Flicts encontra conforto em saber que a Lua tem uma cor parecida com a dela. A história chamou a atenção de Neil Armstrong, primeiro homem a pisar no satélite natural da Terra, que escreveu uma mensagem dizendo “sim, a Lua é Flicts”. O recado foi estampado em outras edições do livro.
O Menino Maluquinho – 1980
O primeiro livro conta vários detalhes sobre a infância do personagem e até um pouco da sua vida adulta. “E foi aí que todo mundo descobriu que ele não tinha sido um menino maluquinho, ele tinha sido era um menino feliz”, termina a história. Depois, foram lançadas obras complementares, como Uma Professora Muito Maluquinha, sobre uma professora que gosta de ensinar de um jeito diferente e promover o aprendizado com alegria.
FONTES: BBC, BRASIL ESCOLA, ESTADÃO, O TEMPO, O GLOBO, FOLHA DE S.PAULO, G1 E AGÊNCIA BRASIL.
Esta matéria foi originalmente publicada na edição 221 do jornal Joca.
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eu amei essa omenagem, adeus ZIRALDO
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