Silvia Balieiro, editora-chefe do TINO Econômico

No início de maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou o novo valor do salário mínimo: 1.320 reais. A quantia passou a ser a referência para o pagamento dos trabalhadores no Brasil, ou seja, nenhum cidadão deve receber menos do que isso para realizar seu ofício.

A correção do mínimo costuma acontecer todos os anos. Ela é importante para repor as perdas provocadas pela inflação (aumento generalizado de preços). Sem o reajuste, as famílias mais pobres perdem poder de compra, ou seja, o salário passa a não ser suficiente para cobrir as despesas que existiam no ano anterior. Mas quais gastos o salário mínimo deve ser capaz de cobrir? A Constituição Federal de 1988 diz que a remuneração precisa suprir as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social (seguro que garante renda ao cidadão quando ele não puder trabalhar).

A realidade, no entanto, é outra. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), para cumprir essa função, o salário mínimo de abril deveria ter sido de 6.571,52 reais, ou seja, cerca de cinco vezes maior do que os 1.302 re- ais pagos naquele mês. O salário está mais mínimo do que deveria. 

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