Pela primeira vez, o Brasil celebra, em 19 de abril, o Dia dos Povos Indígenas. Anteriormente, a data era conhecida como Dia do Índio, porém uma lei aprovada em julho de 2022 determinou a mudança de nomes, uma vez que o termo “índio” é genérico e não reflete a diversidade de povos e etnias existentes no Brasil.

A coleta de dados do Censo Demográfico de 2022 estima, até o momento, que existam 1.652.876 pessoas indígenas no país. Esse número, no entanto, ainda não é o final e pode aumentar. Por isso, até a publicação desta matéria, os dados mais completos da população brasileira são do censo realizado em 2010.

Confira um raio X dos três grupos indígenas com maior população no território brasileiro, de acordo com dados do censo realizado em 2010, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O que é o Censo Demográfico?

Ele calcula quantos brasileiros estão vivos e como eles vivem. As perguntas envolvem informações como idade, sexo, cor ou raça, religião e escolaridade. Os dados são importantes para desenvolver políticas públicas e orientar em que áreas os governos devem investir para melhorar a vida da população. O último censo foi realizado em 2010 e contabilizou quase 191 milhões de brasileiros. As projeções do IBGE apontam que, atualmente, o país tem cerca de 215 milhões de habitantes.

Tikuna

Áreas que habitam: em território brasileiro, Amazonas, mas uma parte da população ultrapassa as fronteiras com a Colômbia e o Peru.
População: 46.045 pessoas.
Principal idioma: tikuna.

Algumas das principais brincadeiras entre as crianças são: 
Queimada: que elas chamam de “vida”.
Curupira: uma criança, que será o Curupira, fica de olhos vendados e começa a responder perguntas dos amigos. A última criança pergunta ao Curupira o que ele quer comer. Como a comida pedida não está disponível na brincadeira, quem estava vendado sai correndo atrás dos outros. Ganha quem o Curupira não pegar.

Curiosidade: a população se divide em dois grupos, com base no que determina um mito da nação. Na prática, os membros de um grupo só podem se casar com pessoas do outro grupo. Quando um casal tem filhos, as crianças herdam o grupo do pai.

Guarani Kaiowá

Área que habitam: Mato Grosso do Sul.
Principal idioma: guarani, com diversos dialetos (variações de uma língua).
População: 43.401 pessoas.

Curiosidades: 
– Os guarani kaiowá são um dos subgrupos guaranis que existem no Brasil — há também os guarani ñandeva e guarani mbya. Apesar de apresentar semelhanças entre si, como falar a mesma língua, os subgrupos podem ter costumes diferentes uns dos outros e dialeto específico, por exemplo.
– As aldeias são chamadas de tekhoa. Elas são habitadas por famílias — em geral, lideradas por um tamõi (avô). Ele é o responsável por orientar os parentes e tomar as decisões mais importantes para a vida de todos.

Kaingang

Áreas que habitam: São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Principal idioma: kaingang, com diversos dialetos.
População: 37.470 pessoas.

Curiosidades:
– Produzem diversas peças de artesanato: brincos, pulseiras, colares, entre outros. Os itens são feitos a partir de materiais como cipó, madeira e taquara (plantas que geralmente têm caule oco).
– Hoje, muitos vivem da agricultura, cultivando alimentos como batata, mandioca e abóbora. No passado, práticas como caça com arco e flecha eram mais frequentes, mas elas perderam espaço com o crescimento das cidades e a destruição da natureza.

Distribuição da população indígena no Brasil

Norte – 305,8 mil
Nordeste – 208,6 mil
Centro-Oeste – 130,4 mil
Sudeste – 97,9 mil
Sul – 74,9 mil

Nações indígenas no Nordeste
Apesar de nenhuma das três maiores nações indígenas ter presença na Região Nordeste do Brasil, a área também é lar de alguns grupos. De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a região abriga 25,5% da população indígena do país. Alguns dos povos que habitam o local são: atikum (7.929 habitantes), espalhados por Pernambuco e Bahia, e canela ramkokamekrá (2.175 habitantes), residente do Maranhão.

Fontes: IBGE, Funai, G1, Portal Kaingang e Povos Indígenas no Brasil.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 139 do jornal Joca.

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