Último navio de grãos a partir do Mar Negro antes de a Rússia abandonar o acordo do corredor de grãos. Crédito de imagem: Sercan Ozkurnazli/Getty Images/reprodução

A Rússia decidiu, em 17 de julho, encerrar o acordo de exportação de grãos que tinha há quase um ano com a Ucrânia. O tratado, intermediado pela Turquia e a Organização das Nações Unidas (ONU), buscava garantir que navios dos portos ucranianos tivessem passagem livre pelo Mar Negro para exportar grãos e cereais para o resto do mundo (saiba mais no site do Joca, aqui e aqui).

O pacto garantia que a guerra não tivesse um impacto tão profundo nos demais países, principalmente nos mais pobres, uma vez que a Rússia e Ucrânia são grandes exportadores de alimento.

Em comunicado oficial, o Ministério de Relações Exteriores russo afirmou que, ao longo do último ano, a ONU não cumpriu com sua parte do acordo de promover o comércio de alimentos e fertilizantes (itens usados na agricultura para auxiliar a produção) russos. Além disso, o país afirma que o corredor dos grãos foi usado indevidamente pela Ucrânia para atacar e provocar civis russos.

“O secretário-geral da ONU, António Guterres, obviamente prefere se concentrar na parte ucraniana dos dois acordos assinados em Istambul um ano atrás (o corredor de grãos no Mar Negro e o memorando de entendimento entre a Rússia e a ONU para facilitar exportações agrícolas). Segundo ele, o mundo foi salvo da fome graças ao embarque de 32 milhões de toneladas de grãos dos portos ucranianos (em que a forragem de milho constituía mais de 70% e era entregue a países ‘bem alimentados’). Mas ele obviamente não se importa com a exportação russa, a maior parte, de trigo, entregue a países da Ásia (60%) e África (30%), ou fertilizantes.”

Diz o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

A Ucrânia, no entanto, nega a acusação.

Nas duas noites seguintes, a força aérea russa atacou alguns dos principais portos que eram resguardados pelo acordo, incluindo o de Odesa (maior porto ucraniano). O governo ucraniano interpretou isso como uma agressão a outros países além da Ucrânia, já que os produtos que ali estavam alimentariam outras nações.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, divulgou nas redes sociais, em tradução livre do inglês: “O ataque terrorista de hoje a Odesa prova que seu alvo não é apenas a Ucrânia e não apenas a vida de nosso povo. Cerca de um milhão de toneladas de alimentos está armazenada nos portos que hoje foram atacados. Esse é o volume que deveria ter sido entregue há muito tempo aos países consumidores da África e da Ásia. O terminal portuário que mais sofreu com o terror russo da noite passada tinha 60 mil toneladas de produtos agrícolas armazenados, que deveriam ser embarcados para a China. Ou seja, todos são afetados. Todo o mundo deveria estar interessado ​​em levar a Rússia à Justiça”.


Fontes: site oficial de Odesa, Ministry of Foreign Affairs of Russia, The Guardian, Reuters e Volodymyr Zelensky.

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