varíola dos macacos 189
Em Madri, Espanha, uma caixa com amostras de casos suspeitos de varíola dos macacos aguarda para ser testada em laboratório, no dia 6 de junho. / #pracegover: foto de uma caixa amarela contendo saquinhos com amostras para teste em laboratório. Crédito de imagem: PABLO BLAZQUEZ DOMINGUEZ/GETTY IMAGES

Desde 13 de maio, países ao redor do mundo estão registrando casos suspeitos e confirmados da varíola dos macacos. Desde de 2008 até então, apenas oito casos haviam ocorrido fora da África. Agora, Estados Unidos, Reino Unido, Argentina e Israel são algumas das nações por onde o vírus monkeypox, que causa a doença, está circulando. Mas como a varíola dos macacos continua não sendo comum fora do continente africano e só se manifesta com frequência por lá, ainda é considerada uma endemia — e não uma pandemia, como no caso da covid-19.

De acordo com o médico infectologista Julival Ribeiro, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, é pouco provável que a varíola dos macacos se torne uma pandemia, ou seja, espalhe-se pelo mundo. “A gente não deve ter pânico, porque ela é diferente de outras doenças em termos de transmissibilidade. A covid-19 e a influenza [popularmente, a gripe], por exemplo, são muito mais transmissíveis. Além disso, todas as autoridades já sabem como lidas com a doença e, no momento, existem poucos casos ocorrendo no mundo e a letalidade [quantidade de mortos em relação aos doentes] está em cerca de 1%”, diz.

Segundo o especialista, para que a infecção ocorra é necessário ter um contato muito próximo e prolongado com uma pessoa que foi contaminada. “Não se pega [a varíola dos macacos] pelo ar; o que pode transmitir são gotículas, como a saliva, e principalmente o contato com as lesões que ela provoca. O que se observa em alguns países da África é justamente [o contágio] quando se tem contato com animais próximos ou alguém dentro de casa”, explica o doutor Julival.

Origem e sintomas
O contato com animais é uma das formas de transmissão porque, assim como os humanos, algumas espécies podem ser infectadas pelo vírus. “A varíola dos macacos surgiu na década de 1950 e foi descoberta na África, em macacos — daí o nome. Até hoje não se sabe qual é a fonte [de onde o vírus veio], mas se supõe que sejam roedores”, diz o doutor Julival.

De acordo com ele, os principais sintomas são febre, dor muscular, dor de cabeça, gânglios aumentados pelo corpo e lesões que começam na face e podem se espalhar. “A doença dura em torno de 21 dias e a maioria das pessoas não tem complicações”, completa.

Como se proteger?
Para o especialista, o principal modo de se proteger da varíola dos macacos é fazendo a higienização das mãos, já que gotículas contaminadas podem transmitir a doença quando entram em contato com as mucosas (da boca ou dos olhos, por exemplo) de outra pessoa. Além disso, máscaras faciais, como as usadas para se proteger da covid-19, criam uma barreira contra essas gotículas.

Para evitar que o vírus chegue ao Brasil, a recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada em 24 de maio, é de que, nos aviões e aeroportos, o uso da máscara seja adotado.

Vacina
De 1966 a 1971, o Brasil teve uma campanha de vacinação contra a varíola humana, bem mais grave e transmissível do que a dos macacos. Na época em que a doença ainda circulava, comprovantes de imunização eram obrigatórios para a matrícula em escolas, por exemplo. A vacinação em massa terminou quando o país não registrou mais nenhum caso. Dois anos mais tarde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou que a varíola estava erradicada (não existia mais) por aqui.

Apesar de a vacina não ter sido desenvolvida especificamente para a varíola dos macacos, quem recebe o imunizante tem certa proteção, explica o doutor Julival. De acordo com a OMS, o grau de proteção do imunizante pode chegar a 85% contra a varíola dos macacos. “Os vírus da varíola e da varíola dos macacos são semelhantes, mas diferentes. Quem já tomou a vacina da varíola tem uma proteção, por isso o importante agora é que pessoas que nunca tomaram sejam imunizadas”, conclui.

Na Dinamarca e na Espanha, por exemplo, doses da vacina já estão sendo aplicadas na população. Outros países, como o Reino Unido, começaram a imunizar os profissionais da saúde. “Já existem vacinas prontas, não para o mundo inteiro, e sim para serem utilizadas em casos de surto. Por isso elas não estão disponíveis para toda a população”, explica o infectologista.

Situação no Brasil
Até o fechamento desta edição, nenhum caso da doença tinha sido registrado dentro do Brasil. No entanto, havia seis pacientes com suspeita de contaminação — no Ceará, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Rondônia e Santa Catarina. Siga as atualizações sobre o assunto no portal do Joca.

Fontes: Agência Brasil, Anvisa, BBC, CNN Brasil, Folha de S.Paulo, G1, Istoé Dinheiro, National Geographic, O Globo e OMS.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 189 do jornal Joca.

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