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A destruição causada pelos ataques no Congresso Nacional. Crédito de imagem: Pedro França/Agência Senado

Durante os ataques ocorridos em Brasília (DF), em 8 de janeiro, bolsonaristas radicais destruíram diversos objetos que ficavam no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Palácio do Planalto.

Até a publicação deste texto, tinham sido identificados danos em diversas áreas, salas e outros locais dos três pontos. Entre eles: vitrines do Congresso e do Planalto, que exibiam objetos históricos; vidraças do STF; janelas do Congresso, do STF e do Planalto; mesas, cadeiras e armários dos prédios; objetos da sala da primeira-dama, Janja da Silva; aparelhos eletrônicos, como computadores e televisores; e galeria de fotos dos presidentes da República, no Planalto.

Os três prédios também abrigam diversas obras de arte e outros objetos de valor. Muitos foram danificados, confira alguns deles:

As Mulatas, do pintor Di Cavalcanti

A obra fica no terceiro andar do Palácio do Planalto e foi perfurada pelos invasores em diversos locais. Feita em 1962, tem valor estimado em 8 milhões de reais. Di Cavalcanti (1897-1976), um dos principais nomes da pintura brasileira, costumava retratar figuras populares. Foi um dos idealizadores e participantes da Semana de Arte Moderna de 1922.

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Obra As Mulatas, de Di Cavalcanti, danificada em diversos pontos. Crédito de imagem: reprodução

Araguaia, vitral da artista plástica Marianne Peretti

Fica no Salão Verde da Câmara dos Deputados, no Congresso Nacional, e foi depredado. A obra é de 1977 e foi feita usando vidro temperado e jatos de areia para desenhar as linhas, que dão a ideia do curso de um rio.

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Araguaia, antes de ser danificada, exposta no Salão Verde da Câmara dos Deputados. Crédito de imagem: Leonardo Sá/Agência Senado | https://www.flickr.com/photos/agenciasenado/51325561319, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=127586613

Brasão da República, plenário do STF

Os danos ao prédio principal do STF são diversos. O Brasão da República foi arrancado, assim como as cadeiras que os ministros usam durante os julgamentos. A cadeira da presidência do STF, feita pelo designer e arquiteto Jorge Zalszupin, foi levada para fora do edifício e usada pelos invasores para postar fotos em redes sociais.

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O Brasão da República nas mãos de bolsonaristas radicais. Crédito de imagem: reprodução do Twitter
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O Brasão da República e cadeira do STF que foi levada para fora do prédio. Crédito de imagem: reprodução do Twitter

Relógio trazido por dom João VI em 1808

Item raro, foi dado de presente para dom João VI, então rei de Portugal (e do Brasil, uma colônia portuguesa), pela corte do rei Luís XIV, da França. O relógio, desenhado por André-Charles Boulle e fabricado por Balthazar Martinot, no fim do século 18, tinha sido restaurado em 2012. Ficava no terceiro andar do Palácio do Planalto e era uma das duas únicas peças existentes no mundo – a outra está no Palácio de Versalhes, na França.

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O relógio antes e depois da destruição. Crédito de imagem: reprodução

A Bailarina, escultura de Victor Brecheret

Feita de bronze, nos anos 1920, ficava na Câmara dos Deputados. Foi arrancada do pedestal e deixada no chão.

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Escultura A Bailarina antes do ataque. Crédito de imagem: divulgação

A Justiça, escultura de Alfredo Ceschiatti

Foi pichada com a seguinte frase: “Perdeu, mané”. Feita de granito, fica em frente ao prédio do STF, na Praça dos Três Poderes. Ela representa o Poder Judiciário como uma mulher que tem os olhos vendados (uma representação da objetividade nas decisões e no tratamento igual para todas as partes envolvidas em um processo), segurando uma espada (demonstra a força de suas decisões).

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Escultura A Justiça pichada com a frase “perdeu, mané”. Crédito de imagem: reprodução Twitter

O Flautista, escultura de Bruno Jorge

Feita de bronze, em 1962, foi completamente destruída e teve seus pedaços espalhados. Ficava em uma das salas do Congresso e era avaliada em 250 mil reais.

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O Flautista foi totalmente destruída durante os ataques. Crédito de imagem: divulgação

Exemplar raro da Constituição

Uma réplica rara da edição original da Constituição Federal, de 1988, foi roubada.

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O exemplar que foi roubado, em 8 de janeiro. Crédito de imagem: reprodução Twitter

O que será feito para recuperar o que foi danificado?

Em sua conta no Instagram, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) publicou uma nota esclarecendo as medidas que devem ser tomadas:

“O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) lamenta profundamente os atos ocorridos neste domingo (8/1), nas sedes dos Poderes e em seu entorno, em Brasília, e os danos causados ao Patrimônio Cultural Brasileiro.

Técnicos do Iphan já estiveram no local desde a noite de domingo. O trabalho de levantamento e identificação de danos ao Patrimônio Cultural, entretanto, aguarda a efetiva liberação dos espaços por parte dos órgãos responsáveis pela perícia.

Em esforços conjuntos com o Ministério da Cultura, técnicos do instituto vão se reunir com a ministra Margareth Menezes, na tarde desta segunda-feira (9/1), para discutir medidas de restabelecimento de todos os prédios e definir as ações de conservação e restauração dos bens protegidos pelo Iphan.”

Glossário

Congresso Nacional: órgão que exerce as funções do Poder Legislativo, elaborando e aprovando leis para administração do país. Abriga o Senado Federal e a Câmara dos Deputados. Fica localizado no Palácio do Congresso Nacional, na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF).

Constituição Federal: é o conjunto de leis que organiza uma nação. Todos são obrigados a respeitá-la. Na Constituição brasileira, é possível encontrar, por exemplo, as regras que determinam os deveres dos políticos e os limites de suas ações e os direitos e deveres dos cidadãos brasileiros.

Supremo Tribunal Federal (STF): última instância do Poder Judiciário brasileiro, é o guardião da Constituição (conjunto de leis de um país). Ou seja, cabe ao STF fiscalizar as ações dos poderes Executivo (como o Presidente da República) e Legislativo (deputados e senadores), garantindo que estes atuem dentro do que diz a Constituição.

Palácio do Planalto: sede do Poder Executivo Federal, local onde está o Gabinete Presidencial do Brasil.

Poder Judiciário: garante o cumprimento e a interpretação das leis, obedecendo a Constituição. O Supremo Tribunal Federal (STF) é o órgão máximo do Poder Judiciário.

Fontes: Aventuras na História, Folha de S.Paulo, G1, Itaú Cultural, O Globo e UOL.

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Comentários (2)

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