Carro em Malatya coberto de neve em meio a destroços após terremoto na Turquia e Síria. Foto: Getty Images

Após serem atingidos por um terremoto de magnitude 7,8 na escala Richter na madrugada do dia 6 de janeiro — desastre que até agora já deixou mais de 7 mil mortos e 20 mil feridos — Turquia e Síria estão enfrentando uma enorme crise, com milhares de pessoas ainda desaparecidas e risco de novos tremores secundários. Até agora, na Turquia, ocorreram outros 285 tremores menores, que resultaram no desmoronamento de diversos prédios no sul do país.

Além disso, as temperaturas extremamente baixas do inverno na região estão dificultando as operações de resgate das vítimas. Nos últimos dias, os termômetros de ambos os países variaram entre -3 graus Celsius (ºC) e 9ºC. Na Turquia, o presidente Recep Tayyip Erdogan decretou estado de emergência por três meses nas áreas do país que foram mais afetadas pelo terremoto. 

“A escala do terremoto, é claro, obriga-nos a tomar certas medidas extraordinárias. Vamos completar todos os procedimentos e formalidades necessárias muito rapidamente”, declarou Erdogan no dia 7 de fevereiro, em pronunciamento oficial televisionado. 

Segundo autoridades turcas, 10 mil pessoas foram acionadas pela agência de emergência do país para ajudar nas operações de resgate. O governo também mobilizou as forças armadas para atuar nas ações de busca, que vão trabalhar ao lado de equipes de saúde. Ainda de acordo com o governo da Turquia, mais de 70 nações já declararam que enviarão ajuda humanitária às operações de busca e auxílio médico aos sobreviventes. 

Apenas veículos de resgate estão autorizados a sair e entrar nas cidades mais afetadas pelo terremoto na Turquia. As operações de busca e resgate estão concentradas principalmente nas cidades de Hatay, Kahramanmaras, Adiyaman e Malatya, conforme declaração do vice-presidente turco, Fuat Oktay. 

Guerra na Síria dificulta ações de atendimento médico e resgate 

Na Síria, o contexto de guerra civil enfrentado pelo país há dez anos se misturou ao cenário de destruição causado pelo forte terremoto. Uma das áreas atingidas pelo tremor na nação abrigava civis que haviam se deslocado em decorrência da guerra e estavam vivendo em acampamentos improvisados. Para gerenciar a crise após o desastre, o Crescente Vermelho Sírio (grupo que atua no socorro médico em situações de guerra e desastres) pediu a suspensão temporária das restrições territoriais impostas pelo presidente sírio, Bashar al-Assad, para que ambulâncias e assistência médica conseguissem chegar ao território. 

Em função da guerra, a Síria enfrenta uma dificuldade maior do que a Turquia para responder rapidamente à situação, já que tem que lidar com uma crise humanitária ainda mais agravada. No país, a região mais afetada pelo terremoto estava localizada no noroeste, justamente uma área de concentração de opositores ao governo sírio. O território, que já estava danificado pela guerra, não dispõe de fácil acesso para entrada de veículos e equipes de ajuda, além de não ter hospitais e presença estatal. Assim, a ajuda médica só pode ser fornecida por Organizações Não Governamentais (ONGs).

O grupo Capacete Branco, serviço de resgate fundado por rebeldes da área, atua no território. A organização pediu que o governo cessasse os bombardeios contra os opositores, para que as vítimas do terremoto pudessem ser socorridas. 

Envio de ajuda da Ucrânia e da Rússia

Mesmo estando em guerra, tanto a Ucrânia quanto a Rússia enviaram ajuda para a Turquia e Síria após o terremoto. No dia 7 de fevereiro, o presidente Ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou o envio de um grupo de socorristas e equipamentos para ajudar a Turquia após o desastre.

Falando com @RTErdogan, expressei condolências pela tragédia que se abateu sobre o povo devido aos terremotos. Comuniquei a decisão de enviar um grupo de socorristas e equipamentos de para para ajudar na superação do rescaldo. Eles chegarão em breve em regiões afetadas.

Tradução da postagem no Twitter do presidente Volodymyr Zelensky

Já a Rússia, por sua vez, divulgou um vídeo em que militares russos aparecem trabalhando na retirada de escombros na Síria. De acordo com o ministério da Defesa do país, foram enviadas dez unidades das Forças Armadas, com mais de 300 soldados da Rússia para as operações de resgate e socorro na Síria. Vale lembrar que, dentro do contexto da Guerra na Ucrânia, a Turquia já declarou seu apoio à Ucrânia, enquanto a Síria se mantém como aliada do país russo.

Fontes: G1, Exame, CNN, G1, CNN, Uol, Jornal Nacional, CNN

Glossário:

Escala Richter: é a principal referência para medir a intensidade dos terremotos. Quanto mais forte o tremor, maior é seu grau na escala. Veja algumas dessas medidas: 

• Tremores com menos de 3,5 graus: terremotos que, normalmente, são imperceptíveis;  

• Entre 5,5 a 6 graus: pode comprometer a estrutura de casas e prédios;  

• De 7 a 7,9 graus: pode ser devastador em mil quilômetros;  

• Acima de 8 graus: destrói tudo o que está perto do epicentro (ou seja, do ponto em que o terremoto começou).

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