A guerra na Síria completou dez anos de existência no mês de março. Tudo começou em 2011, quando estudantes escreveram “queremos a queda do regime” no muro de um colégio. O regime, comandado por Bashar al-Assad, presidente do país, reagiu prendendo e ferindo os autores da pichação, jovens de 10 a 15 anos. A reação violenta gerou uma onda de protestos, pedindo mais direitos e menos autoritarismo do governo.

As manifestações seguiam a Primavera Árabe (2010-2012), quando cidadãos do Oriente Médio e do norte da África foram às ruas lutar por democracia. Nos meses seguintes, membros do Exército da Síria começaram a deixar a corporação para formar grupos e lutar contra o regime. Vieram mais protestos, a violência aumentou e o país entrou em guerra civil (conflito entre um Estado e um grupo de opositores dentro de um mesmo país).

Nesses dez anos, a estimativa é de que entre 380 mil e 600 mil pessoas tenham morrido na guerra, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. Quase 12 mil crianças foram mortas ou feridas, de acordo com o Unicef, o Fundo da Organização das Nações Unidas Para a Infância.

Estado Islâmico
A situação se complicou ainda mais a partir de 2013, quando o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) conquistou grande parte do território sírio. Um conjunto de nações liderado pelos Estados Unidos passou a atacar o país, com a ajuda de opositores ao governo sírio, para combater o EI.

Em 2015, com o apoio da Rússia e do Irã, que ajudaram a combater os grupos contrários ao regime de Assad, o político conseguiu se manter no poder, em que permanece há 21 anos. Hoje, Assad controla 60% do território — outros grupos, como os curdos, dominam as demais regiões.

#pracegover: na fronteira entre Síria e Turquia, garoto caminha por campo que abriga pessoas deslocadas de casa por causa da guerra, em setembro de 2019. Crédito de imagem: Burak Kara/Getty Images

A guerra continua
Nas rodadas de negociações de paz mediadas pela ONU, as conversas não avançaram: Assad se nega a negociar com grupos de oposição que exigem que qualquer acordo inclua a renúncia dele.

A falta de profissionais especializados, já que muitos deixaram a Síria, torna difícil a reconstrução do país. Atualmente, são 6,6 milhões de refugiados sírios vivendo em 130 nações, segundo a ONU. O país passa por uma grave crise econômica, com a desvalorização da moeda local (libra síria), que piorou com a pandemia. Assim, compram-se hoje menos produtos do que era possível com o mesmo valor anos atrás. Além disso, faltam itens básicos, como alimentos e combustível.

O que dizem os sírios refugiados?

“Meus familiares que estão na Síria estão conseguindo se virar, mas é muito difícil. Vivo no Brasil há oito anos. Ser refugiada aqui é difícil, mas é uma dificuldade no mundo todo. O diferencial é que aqui as pessoas nos ajudam bastante. Os refugiados precisam de apoio, não apenas financeiramente, como também moral, como ter a confiança de conseguir um emprego.” Ghazal Baranbo, 38 anos, São Paulo (SP)

“O Brasil nos recebeu muito bem, ofereceu muitas chances. Cheguei há oito anos e já estou na faculdade. Mas faltam mais oportunidades para quem já chega formado. Meu pai é engenheiro mecânico e não conseguiu trabalhar na área porque o diploma não é daqui. Acho que vai demorar, mas uma hora [a guerra] vai acabar. Não tem como uma guerra ir até o infinito.” Riad Altinawi, 18 anos, São Paulo (SP)

Glossário
Curdos:
grupo com mais de 35 milhões de pessoas espalhadas pelo mundo, sem país próprio.

Fontes: BBC e Folha S.Paulo.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 167 do jornal Joca.

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Comentários (1)

  • Igor Evangelista Pinto Pinto

    2 anos atrás

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