Taciana Barros fez parte da famosa e divertida banda Gang 90 lá nos anos 90 e hoje toca, junto com Edgar Scandurra (Ira), Antonio Pinto (produtor de trilhas para cinema, como: Central do Brasil), Arnaldo Antunes (Titãs), no grupo “O pequeno Cidadão”, uma das bandas de música infantil mais incrível de todos os tempos. O Pequeno Cidadão apresenta para crianças e jovens, músicas de todos os gêneros – samba, forró, rock – e coloca a família inteira cantar e dançar.

Como começou a se envolver com música?
Sempre gostei muito de música. Quando tinha uns 2 anos já vivia levantando os braços pra alcançar as teclas do piano da minha avó. Aos 5, eu pedi pra estudar piano e curtia muito as aulas. Com o tempo herdei o piano da minha avó. Aos 15 comecei a tocar piano elétrico num grupo que tocava pop rock toda semana em uma casa noturna em Santos (cidade onde nasci). Com 17 anos, recebi o convite pra entrar na Gang 90, grupo de rock brasileiro dos anos 1980 (Nosso Louco Amor)

Desde pequena queria cantar?
Desde pequena queria tocar um instrumento e compor. Mas quando entrei na Gang comecei a cantar também. Com o tempo comecei a tocar violão e guitarra, mas isso já com 19 anos.

Como teve a ideia de criar o Pequeno Cidadão?
Depois da Gang eu criei uma banda de rock bastante experimental, o Solano Star e depois ainda parti para meu trabalho solo, o Janela dos Sonhos, em 1995. Até que o Suba, meu produtor, morreu em um acidente. Depois desse baque dei um tempo, quis um novo desafio. Em 2008 tive a ideia de trabalhar com os filhos e com os amigos e seus filhos. Convidei o Arnaldo Antunes, o Edgard e o Antonio e, pra minha sorte, eles toparam. Em 2009 saiu o primeiro CD.

Seus filhos e outras crianças também tocam na banda?
Sim, os meus filhos (Daniel, de 21 anos e Luzia, de 8) e sobrinhos, os filhos do Edgard e do Antonio e as crianças que fomos conhecendo pelo caminho que participaram de eventos de karaokê que a gente promove ou que enviaram vídeos cantando.

Quantos álbuns já lançaram? O que tem em cada um?
2 CDs + 4 LIVROS + 1DVD + 1 CD KARAOKÊ + 1 CD SINGLE + 1 JORNAL ONLINE. O primeiro CD: “Pequeno Cidadão” (2009) fez bastante sucesso com as crianças de todo o Brasil. Então ele virou desenho animado e um “DVD Pequeno Cidadão” com clipes feitos por diversos artistas com diferentes técnicas de animação. Os clipes foram para festivais de cinema – nacionais e internacionais e receberam prêmios em todo o mundo. Em 2012 lançamos o CD “Pequeno Cidadão 2” com Carlinhos Brown e as crianças da Pracatum. Em 2013 lançamos um o CD “Pequeno Cidadão – Karaokê Rock’n’Roll”. No ano passado lançamos o single “Bici Bike Magrela” (2015), para apoiar as bicicletas e ciclovias. Agora estamos gravando o terceiro álbum. Nossas músicas fazem parte de trilhas de novelas como Chiquititas, Carrossel e Patrulha Salvadora (SBT) e do filme “O que queremos Para o Mundo”.

Você canta no chuveiro, como cria as músicas?
Canto sim rs, canto pela casa também, e no carro. Só não canto de bicicleta rsrs. O processo de criação varia muito. Às vezes começa com um tema no piano, às vezes no violão, e depois coloco a letra. Pode sair junto, letra e melodia. Quando recebo uma música para colocar a letra fico ouvindo e encaixando nota por nota, sílaba por sílaba. Enfim, depende muito. Vou armazenando tudo o que me emociona e uma hora uso. Algo que uma criança falou, alguma imagem, uma nuvem.

O que acha das músicas apresentadas para crianças de hoje?
Tem muita coisa boa e muita porcaria também. Tem coisa que nem deveria ser apresentada mas isso sempre existiu. Cabe aos pais ouvir música de qualidade e ajudar os filhos a criarem um ouvido apurado. É como comer salada: se os pais gostam (bem feitinha, temperadinha) os filhos também aprendem a gostar.

O que você escuta? E seus filhos?
Gosto de música do mundo inteiro, de todos os ritmos. Comecei ouvindo MPB, rock, jazz, jazz rock, samba, música erudita. Mas no rock encontrei uma forma de me expressar. Jimi Hendrix, Led Zepellin, David Bowie, Radiohead eu ouvi muito. Quando eu curto um som eu gosto tocá-lo no violão, isso é uma forma de entender as composições. Música erudita, por exemplo, quando leio a partitura, ficando chocada e emocionada com as notas que levam a música para lugares lindos e inesperados.

David Bowie:

Como foi a transformação das músicas do “Pequeno Cidadão” em livros e vídeos?
Brincamos que o Pequeno Cidadão é MPB: Música Psicodélica para Criança, isso porque sabemos que a criança é psicodélica por natureza, pois tem todos os sentidos abertos. Então transformamos nossos temas em imagens, animações, cenografia e em literatura. Trabalhar com tantos artistas geniais como o ilustrador Jimmy Leroy e o escritor Marcelo Rubens Paiva, foi um luxo para a gente.

Vocês também criaram um jornal? O que tem nele?
Nosso jornal é muito simples, nem se compara a esta aqui do Joca, que é muito bom, com muita informação e conteúdo de qualidade. O Jornal do Pequeno Cidadão é feito por nós e artistas convidado. Nos unimos para escrever sobre música, cidadania, artes visuais, bichos, poesia, esporte, brincadeiras, literatura, comida, reflexões e amor. (https://issuu.com/pequenocidadao)

E os livros?
Temos 4: “A Fantástica Viagem do Pequeno Cidadão”, “Tchau Chupeta”, “SK8 – Manual do Pequeno Skatista Cidadão”, “1 Drible, 2 Dribles, 3 Dribles – Manual do Pequeno Craque Cidadão”, escrito por Marcelo Rubens Paiva.

O que gosta de fazer nas horas de lazer?
Gosto muito de andar de bicicleta pela cidade, sair da Avenida Sumaré até a Avenida Paulista, descer para o centro, passear pelo centro, comer por lá e voltar pelo minhocão. Essa é minha rotina de lazer aos domingos. No dia-a-dia ando bastante de bike. Gosto de nadar, ir a shows, cinema, exposições. Quando viajou vou a lugares ligados a natureza. Amei conhecer o deserto do Atacama de bicicleta.

Que músicas você recomenda para os pais ouvirem com os filhos?
Tenho dois filhos que ouviram Saltimbancos, Adriana Partimpim, Arca de Noé, Beatles, Michael Jackson, uma lista que não tem fim….Eles foram crescendo e trouxeram outros sons pra gente ouvir, então a lista ficou maior e mais divertida. Claro que o filho pode ouvir algo que você não curta. É importante ter paciência e escutar junto, tentar entender e dar opinião.

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