O Talibã, grupo extremista que assumiu o controle do Afeganistão em agosto (relembre nas edições 175 e 176), anunciou, em 7 de setembro, os membros que farão parte do governo provisório do país. A nova equipe é integrada por 33 pessoas, que ocuparão cargos como de primeiro-ministro (principal liderança do país) e ministro da Educação. Não há mulheres entre os escolhidos.

Um dia após o anúncio, o novo primeiro-ministro do país, Mohammad Hasan Akhund, deu uma entrevista ao jornal Al Jazeera dizendo que “convida todos os afegãos a participar do projeto [de país que o Talibã quer construir]” e “deseja o bem da população além de sucesso e bem-estar”.

#pracegover: porta-voz do Talibã durante anuncio da composição do novo governo. Ele fala em um microfone. Crédito de imagem: Reprodução TV Brasil

Ao mesmo tempo, o anúncio do novo governo causou decepção e preocupação em representantes da Organização das Nações Unidas (ONU). Eles temem pelo que pode acontecer com o Afeganistão controlado por um governo que não tem pessoas do sexo feminino e que é composto por membros que já estiveram envolvidos, no passado, com atos de violência e um regime autoritário (na primeira vez em que o Talibã esteve no poder, o grupo impôs uma série de punições e restrições para a população).

Mulheres no Afeganistão
Desde que assumiu novamente o poder, o Talibã vem prometendo que não estabelecerá regras tão rígidas para mulheres como na última vez em que governou — como não poder estudar depois dos 10 anos.

Entre as medidas atuais estão: mulheres poderão ir para escolas e universidades, mas não estudar com os homens, e não poderão praticar esportes em que fiquem com partes do rosto e do corpo à mostra (como críquete, modalidade popular no país). Ainda não está claro se as mulheres poderão trabalhar (o governo afirma que, no momento, em virtude da violência que atinge o Afeganistão, só aquelas que atuam na área de saúde podem sair de casa).

Muitas mulheres, no entanto, não aceitaram as medidas e foram às ruas, em 8 de setembro, para protestar. Elas pediram direitos iguais aos dos homens, além de se queixar da falta de representantes femininas em cargos do governo e do fato de não poderem trabalhar — as manifestantes afirmam que os líderes estão usando a violência do país como desculpa para não as deixar atuar em suas profissões. Durante o protesto, as participantes alegaram ter sido agredidas por homens do Talibã.

#pracegover: bandeira do grupo hasteada em Cabul, capital do Afeganistão. Crédito de imagem: Reprodução CNN Brasil

O Talibã e a interpretação distorcida do islamismo
O islã é uma crença que prega a paz, o amor e o respeito — princípios defendidos pela maioria dos fiéis. O Talibã, porém, distorce radicalmente os ideais e as regras da religião e usa essa versão deturpada como justificativa para realizar atos de violência e impor restrições rígidas à população. Portanto, o comportamento do grupo não combina com os verdadeiros valores do islã.

Fontes: Al Jazeera, BBC, Folha de S.Paulo, G1, ONU e Reuters.


Esta matéria foi originalmente publicada na edição 177 do jornal Joca.

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