O esgrimista Fernando Scavasin durante os Jogos Pan-Americanos de 2017, em Montreal, no Canadá. Foto: Divulgação

Atleta participante da Olimpíada de 2016, realizada no Rio de Janeiro, Fernando Scavasin tem um grande objetivo: fazer com que o maior número de pessoas possível possa conhecer e se apaixonar pela esgrima, modalidade que ele pratica desde os 13 anos. Para realizar esse sonho, com o também esgrimista Heitor Shimbo, ele fundou o Instituto Touché, organização que oferece aulas de esgrima nas escolas como modo de popularizar o esporte.

A repórter mirim Nina H., 11 anos, de Belo Horizonte (MG), conversou com o Fernando para saber mais sobre como ele concilia o trabalho no instituto com a vida de atleta profissional. Confira o bate-papo.

Nina H., 11 anos. Foto: Arquivo pessoal

Qual foi seu primeiro contato com a esgrima? 
Foi quando eu tinha 13 anos. Meus pais não tinham muito dinheiro, então fui para o Ginásio do Ibirapuera [na cidade de São Paulo], onde dava para fazer esportes de graça. Vi uma placa em que estava escrito “venha fazer esgrima” e decidi conhecer. Tive a sorte de fazer aulas com um professor muito legal. Comecei a praticar futebol, basquete e esgrima, mas um mês e meio depois, eu decidi ficar só na esgrima. Eu me encantei pelo esporte e, sempre que me perguntavam se queria participar de uma competição, eu ia. Então fui crescendo de um jeito natural. Por isso é importante apresentar vários esportes para as pessoas.

O que te motivou a incentivar a esgrima no Brasil?
Eu comecei a viajar com a equipe brasileira em 1999, quando tinha 14 anos. Fui para lugares como França, Itália e Alemanha, onde a esgrima é popular e muita gente pratica. Isso porque tivemos guerras de espadas até o começo do século 20. Mas a esgrima também é popular no Japão, na Coreia e nos Estados Unidos. Então pensei que, já que tem outros lugares em que a esgrima foi apresentada e se tornou popular, por que não fazer isso no Brasil? É claro que é preciso estudar a forma correta de fazer isso, foi preciso fazer algumas adaptações. Usar toda a roupa da esgrima, por exemplo, pode ser difícil aqui no Brasil, que é bem quente. Agora, a gente tenta levar a esgrima para mais gente, para que mais pessoas tenham a oportunidade de se apaixonar por ela. Temos aulas gratuitas todos os sábados, às 11 horas, no Instagram (@institutotouché) para quem quiser aprender e vídeos no TikTok de como praticar esgrima em casa.

Como você equilibra ser professor de esgrima e atleta ao mesmo tempo?
Com a pandemia, passei a treinar de manhã e me dedicar às aulas à tarde. Com exceção das aulas feitas pelo Instagram, temos professores que formamos para ensinar esgrima. Então eu foco muito mais em formar professores que possam dar aulas do que ensinar para as pessoas diretamente. Mas teve uma época em que eu era atleta, fazia faculdade e trabalhava, então acho que, quando a gente aprende a organizar o tempo, consegue atingir nossos objetivos. Quem é atleta precisa controlar o tempo.

O atleta Fernando Scavasin durante os Jogos Olímpicos. Foto: Divulgação

Como é a sua rotina de treinos?
Agora, com a pandemia do novo coronavírus, estou treinando em casa, com aulas on-line e treinos de manutenção do corpo. Mas no período das olimpíadas eu fazia um treino das 7h às 9h, voltava para casa para fazer minhas coisas e depois treinava de novo no começo da tarde. Por último, tinha mais um treino no final da tarde. Dava umas seis ou sete horas de treino por dia, de segunda à sexta, e no sábado tinha mais duas sessões. Dentro do treino tinha a parte física, a técnica, a psicológica, a nutrição – porque precisa se alimentar direito, então nada de salgadinhos [risos] – e a fisioterapia.

Vi que existe mais de um tipo de arma na esgrima. Você usa todas?
As armas são o florete, a espada e o sabre. Como na natação, em que cada pessoa se especializa em um tipo de nado, na esgrima cada atleta costuma usar uma arma só. A espada dá pontos cada vez que o atleta toca em qualquer parte do corpo do oponente, enquanto o florete toca de ponta na região do tronco e o sabre toca de lado acima da cintura. Eu comecei jogando com o florete, mas, em 2016, tentei me aposentar. Como senti falta, decidi voltar e voltei com o sabre, então hoje eu jogo os dois. 

Fernando em uma das suas disputas nas Olimpíadas. Foto: Divulgação

Eu achei que a esgrima era um tipo de luta, mas descobri que era um esporte. Você sabe como a esgrima se tornou um esporte?
A esgrima começou com os homens das cavernas e foi evoluindo quando surgiu o metal e conforme as grandes populações foram se formando. Os romanos, por exemplo, sempre tinham um escudo e uma arma. Depois disso, o pessoal foi descobrindo técnicas em que só com a espada você pode atacar e se defender, sem precisar do escudo. Também começou-se a usar as espadas para fazer duelos, em que as pessoas resolviam discussões e questões jurídicas assim (como para decidir quem é o dono de uma casa). Para isso, as pessoas tinham que aprender a duelar, e foi quando surgiram os mestres, que ensinam isso. No final do século XIX, as olimpíadas começaram a ser organizadas e quem fundou esses jogos era um esgrimista. Por isso, a gente brinca que a esgrima organizou a olimpíada e a olimpíada organizou a esgrima.

Como é ser um atleta olímpico?
Um atleta precisa ter metas e sonhos e, no caso do atleta olímpico, esse sonho é ir para a Olimpíada. Para realizar isso, ele treina de manhã e à tarde, precisa cuidar da alimentação, não tomar bebidas alcóolicas e não ter conexão com drogas. Já falei que não podia ir a muitos aniversários de amigos porque estava treinando. Além disso, tem uma cobrança muito grande no meu desempenho, porque o treino sempre precisa ser melhor do que o do dia anterior. A gente brinca que a vida do atleta é muito mais suor do que alegria, mas uma alegria já acaba valendo todo o resto. 

*Esta matéria é uma versão estendida da reportagem publicada na edição 167 do Joca.

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Comentários (7)

  • Alessandro Giani

    2 anos atrás

    E.

  • rainhadapaz10

    2 anos atrás

    gostei

  • rainhadapaz20

    2 anos atrás

    gostei

  • rainhadapaz4

    2 anos atrás

    gostei muito .

  • pinho

    2 anos atrás

    sempre gostei de esgrima e concordo esgrima é muito mais esporte do que luta!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • Marcia

    2 anos atrás

    Adorei

  • melissa.amado

    2 anos atrás

    Muito Legal! Eu adorei a notícia!

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