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Martín Vizcarra, então presidente do Peru, foi afastado pelo Congresso do país. Foto: Fotos Públicas

O Peru mudou de presidente três vezes em apenas sete dias. Em 9 de novembro, o Congresso peruano decidiu afastar o então presidente Martín Vizcarra. Com base na Constituição (conjunto de leis de um país), os parlamentares declararam Vizcarra com “incapacidade moral” de continuar no cargo. Ele é acusado de praticar corrupção — teria recebido dinheiro para favorecer empresas em contratos públicos, por exemplo. Vizcarra nega as acusações e tenta reverter a decisão na Justiça.

Manuel Merino, então presidente do Congresso, liderou o processo de impeachment de Vizcarra e passou a ocupar a Presidência do Peru em 10 de novembro. Cinco dias depois, renunciou ao cargo, atendendo às exigências de manifestantes que tomaram as ruas contra o afastamento de Vizcarra. Conflitos com a polícia resultaram na morte de dois jovens, além de vários feridos e desaparecidos.

Um dia depois, o deputado Francisco Sagasti foi eleito pelos colegas congressistas como novo presidente do Congresso e assumiu, em 17 de novembro, como presidente interino do país. Ou seja, ele deve ocupar o posto até as eleições presidenciais, marcadas para 11 de abril de 2021. O presidente eleito pela população deve assumir em julho do ano que vem.

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Francisco Sagasti, presidente interino do Peru. Foto: Beto Baron/Getty Images

Crise política
As recentes dificuldades políticas no Peru começaram em 2018, quando o então presidente Pedro Pablo Kuczynski, conhecido como PPK, renunciou ao cargo. Ele também foi acusado de corrupção e Vizcarra, seu vice-presidente, assumiu o posto. PPK cumpre prisão domiciliar e é investigado por suspeita de receber pagamentos irregulares da construtora brasileira Odebrecht.

Três ex-presidentes, além de outros políticos, como parlamentares e ministros, foram investigados pela Operação Lava Jato, do Brasil, por receber dinheiro em troca de favores. Vizcarra se tornou popular por apresentar um discurso de combate à corrupção, mas deixou o cargo acusado de cometer irregularidades.

A instabilidade política no Peru, no entanto, é ainda mais antiga. Desde 2000, com o fim do governo de Alberto Fujimori, todos que assumiram a presidência do país tiveram problemas com a Justiça depois de deixar o cargo ou foram impedidos de governar antes do fim do mandato por acusações de corrupção.

Glossário
Impeachment: processo que determina que um governante se afaste do cargo que ocupa.

Correspondentes internacionais

“Cinco meses antes das eleições gerais, acontece uma crise política no Peru. Essa crise piorou quando Martinho Vizcarra foi afastado pelo Congresso por ‘incapacidade moral’. O principal responsável pela instabilidade política é o Congresso. Após as constantes tensões e confrontos entre os poderes Executivo e Legislativo, a instabilidade provocou uma série de protestos. A origem desta crise é a eleição inadequada de nossos representantes, causada pela indiferença e pela falta de educação cidadã. Em meio a uma pandemia, acabar com essa crise política é a missão do novo presidente, Francisco Sagasti.” Charaña S., 17 anos, Tacna (Peru)

Charaña-Peru
Charaña S., 17 anos

“É impressionante tudo o que o Peru viveu nos últimos dias. As pessoas ficaram indignadas ao saber que Manuel Merino havia se tornado presidente do país. Mais uma vez, milhares de jovens peruanos protestaram nas ruas, exigindo um governo livre e democrático. O Peru se orgulha de ser amado e defendido por sua população, mas também chora pelos jovens que morreram em seu nome. É triste saber que foi preciso derramar sangue para cumprir uma tarefa democrática e, mais triste ainda, é saber que pessoas estão desaparecidas por isso.” Lia A., 17 anos, Tacna (Peru)

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Lia A., 17 anos

“O Peru sofre há muito tempo por causa da corrupção e de governantes que colocam seus interesses pessoais à frente dos da nação. A juventude levantou sua voz contra o impeachment do ex-presidente Martín Vizcarra, considerando a medida inadequada, devido ao contexto de pandemia em que vivemos. A onda de protestos levou à renúncia do presidente provisório, Manuel Merino. As manifestações exigiram sua renúncia por respeito à democracia e aos direitos humanos. Espero que a população tome consciência da importância de se informar bem para votar nas eleições de 2021. Somente isso evitará futuras crises políticas e acabará com a corrupção. Espero também que os membros do Congresso tomem decisões que visem o bem da nação.” María C., 16 anos, Tacna (Peru)

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María C., 16 anos

“Cinco meses antes das eleições presidenciais, e em crise econômica e sanitária, o Congresso aprovou o afastamento de um presidente por ‘incapacidade moral’. Essa acusação não está totalmente clara na Constituição do Peru. É correto lutar contra a corrupção, mas não é bom provocar instabilidade no país. O presidente deve pagar pelos seus atos e cabe ao Judiciário a execução da pena. Mas a decisão de afastá-lo é inadequada, tem ares de golpe de Estado e leva a população a protestar, causando danos irreparáveis à sociedade peruana, como a morte de dois jovens e o desaparecimento de muitos deles. O povo espera que as forças políticas cheguem a um consenso para o bem-estar do país.” Yessenia N., 17 anos, Arequipa (Peru)

Yessenia-Peru
Yessenia N., 17 anos

Fontes: Folha de S.Paulo, G1 e Nexo.

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Comentários (4)

  • Isaque

    3 anos atrás

    q isso várzea pura

  • Aline Kalsing

    3 anos atrás

    Nossa que absurdo 3 pessoas em uma semana assumem o gargo deresidencia

  • letier

    3 anos atrás

    Que absurdo ter 3 presidentes em 1 semana!

  • Erikaa Alves Rodrigues

    3 anos atrás

    Gostei muito professora arrasou

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