Quando adotou sua cachorra, a psicóloga Natércia Tiba começou a pensar em todos os outros animais que, como o dela, também mereciam um lar. Foi assim que Natércia e a família se mobilizaram para criar uma Organização Não Governamental (ONG) de resgate de animais, o projeto Amor de Pet. Hoje, três anos depois, ela diz que se lembra de muitos casos de adoção, mas que nunca entende quem foi o maior beneficiado da história: o bicho resgatado ou a família que ganhou sua companhia. Em entrevista à repórter mirim Clara M., 11 anos, Natércia explicou quais benefícios os animais de estimação podem trazer aos donos, como as crianças. Confira.

#pracegover: Clara usa blusa preta, calça vermelha e tem uma faixa no cabelo. Ela está abraçada com seu cachorro, de pelos escuros. Foto: arquivo pessoal

Quais são os benefícios para quem adota animais de estimação?
Um dos benefícios é a emoção ao longo do dia, porque, se você tem um animal de estimação por perto, não tem como não dar risada em algum momento. Também aprendemos a lidar com a responsabilidade, porque precisamos cuidar deles. Além disso, eles geram momentos muito gostosos em família, em que todos se unem pelo animal para brincar ou tirar fotos, por exemplo. E também têm um efeito no nosso cérebro, já comprovado cientificamente, como antidepressivo. A gente se sente menos triste com eles e até passa a dormir melhor. Na pandemia, outra coisa que ficou muito clara é que eles nos ajudam a ter noção da rotina porque pedem comida na hora de comer e tiram a gente da cama de manhã, por exemplo.

Eu acho que me tornei mais responsável desde que ganhei o Max, meu cachorro. Há benefícios para as crianças em ter animais de estimação?
Tem a parte lúdica [ou seja, de brincadeiras], porque eles brincam com você, mas não de acordo com todas as regras que você quer. Eles te põem em contato com a frustração, mas estão ali para brincar, estão disponíveis para você. Vejo crianças que sempre tiveram cachorro em casa, mas não tinham o hábito de brincar com eles. Agora que ficam na aula on-line por longos períodos, no tempo livre não querem estar on-line, e uma alternativa é brincar com os animais de estimação.

#pracegover: Natércia Tiba, criadora do projeto Amor de Pet, abraçando sua gata adotada. Fofo: arquivo pessoal

Você já sentiu que os animais expressam sentimentos mesmo sem falar?
Eu tenho certeza de que os animais se comunicam com a gente, só precisamos de sensibilidade para entendê-los. Percebo que os cachorros resgatados, principalmente os que são tirados da rua já adultos, ficam enlouquecidos de gratidão pela gente quando nos encontramos com eles. Alguns cães chegam ao abrigo muito doentes e, mesmo quando são tratados, não brincam nem levantam os olhos. Mas, quando entendem que foram adotados e que aquela é a família deles, começam a brincar e interagir.

Você pode descrever a sensação de ajudar um animal?
É difícil porque, na hora que você está resgatando um animal, ele pode não saber que você está tentando pegá-lo para fazer o bem. Dá um alívio e, ao mesmo tempo, dá vontade de que eles entendam que queremos ajudar. Conforme a gente vai tratando o animal e ele vai ficando mais alegre e compreendendo que estamos fazendo o bem, ficamos felizes, mas o coração ainda dói porque sabemos que ele está em um abrigo. Depois, quando eles são adotados rapidamente, pensamos que não estamos prontos e vamos sentir muita saudade. Mas, quando a adoção demora, ficamos tristes porque queremos que eles tenham uma família. Todos os dias sentimos que temos uma missão de fazer o bem, mas que também tem muito sofrimento. Não tem um dia que eu não chore, seja de alegria, seja de tristeza.

O que mudou na sua vida desde que você fundou a ONG?
A ONG já tem três anos e todos os adotantes acabam virando amigos, porque somos muito chatos para escolher quem vai adotar os animais. Fazemos entrevistas, aplicamos questionários e visitamos as casas para ter certeza de que vão ser boas famílias. Eu vou acompanhando [todo o processo de adoção] e vejo as mudanças tanto nos bichos como nas famílias, por terem animais de estimação. Às vezes, me pergunto quem salvou quem — se é a gente que salvou o bicho ou o bicho que salvou a família; ou, ainda, se o bicho que salvou a gente, porque me sinto muito bem de fazer o que eu faço. Sempre fui uma pessoa muito ligada a afeto, e a palavra que tem feito parte da minha vida é gratidão. Sinto gratidão por poder fazer isso, pelos animais adotados, pela minha [gata] adotadinha que me olha com um olhar de gratidão todos os dias e por todos que ajudam.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 169 do jornal Joca.

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Comentários (6)

  • Maria Eduarda

    2 anos atrás

    Que foto linda

  • Joana

    2 anos atrás

    Foi legal as notícias de que animais estão sendo adotados

  • joaopaulo80

    2 anos atrás

    esses amigos são amigos mesmo!

  • Ana Carolina ?

    2 anos atrás

    Amei a reportagem sobre os melhores amigos dos humanos principalmente a quando repórter fala sobre os benefícios de adotar um animal

  • marcela.soza@alunopueri.com.br

    2 anos atrás

    Que fofinhos!!!!!!

  • Vickenzo

    2 anos atrás

    que fofo?

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