Raul Aguiar começou a carreira como ilustrador. Entre um trabalho e outro, ele imaginou a história de um garoto capaz de entrar nos livros e viver aventuras. Foi assim que o personagem Timo nasceu. O sucesso foi tanto que uma produtora o procurou para criar um game de celular baseado no personagem: Timo – The Game, lançado em 2019. Foi assim que ele participou da produção do seu primeiro jogo.

Na entrevista que o Raul deu ao repórter mirim Davi S., de 8 anos, confira mais detalhes sobre o processo de criação dos games.

#pracegover: Davi S. está sentado. Ele usa camiseta em tom de rosa escuro e calça preta. Foto: arquivo pessoal

De onde surgiu a ideia de criar um game?
Quando comecei a trabalhar como ilustrador para revistas, todo mundo me disse que meus desenhos pareciam saídos de um game dos anos 1990. Desde então, fui pensando na possibilidade de criar um. Mas eu não tinha nenhuma experiência em programação ou design de games. Até que uma história em quadrinhos minha chamada Timo, sobre um garoto que se perde no mundo fantástico dos livros, foi selecionada por um concurso da Prefeitura de São Paulo. Por intermédio desse concurso eu conheci a equipe da Webcore Games. Juntos, desenvolvemos o game para celular do Timo.

Como você descobriu que gostava de criar jogos?
Eu sempre gostei muito de videogame, mas não era um bom jogador e ficava de lado observando enquanto meus amigos, que eram bons, zeravam todos os jogos. Percebi que gostava mais do visual e das histórias dos games do que do ato de jogar. Sempre fui bom no desenho e, com o tempo, fui trabalhando em áreas relacionadas a personagens, quadrinhos e games.

#pracegover: Raul Aguiar usa camiseta preta e branca. Ele possui barba e bigode. Foto: arquivo pessoal

Cada pessoa da equipe tem uma função diferente na criação de um game. Qual foi a sua?
Eu trabalhei como diretor de arte (responsável por deixar o jogo bonito e agradável), coordenando o visual do game (tendo certeza de que está tudo certo na parte visual e que tudo está combinando) e também desenhando vários cenários e personagens.

Quantas pessoas trabalham para criar um game?
Depende do projeto. Existem games que foram criados por apenas uma pessoa (incrivelmente talentosa) e aqueles criados por centenas de pessoas. Varia muito.

Como funcionam os testes de um game? Você mesmo joga para procurar erros? Mostra para crianças para ver se elas gostam?
Existe um cargo chamado game tester [testador de games, em tradução livre para o português]. A pessoa que o ocupa é responsável por jogar bastante e encontrar erros em games em desenvolvimento. Em equipes menores e em empresas indies (ou seja, independentes, que atuam por conta própria sem uma grande corporação por trás), nós mesmos que testamos e, se o game for direcionado a crianças, também mostramos a elas.

Quais são as falhas mais comuns encontradas nos games?
Normalmente, de programação e jogabilidade [termo usado para se referir à experiência do jogador durante a interação que ele tem com o game]. Na minha área, que é visual, é bem mais fácil prever e corrigir os erros antes de aplicar a arte ao game.

Se o jogo é grátis, como vocês ganham dinheiro?
Se o jogo é grátis, normalmente se ganha dinheiro com publicidade (marcas pagam para uma propaganda aparecer dentro do game) e vendas dentro do aplicativo (por exemplo, para comprar uma roupa nova para o personagem, ou mais opções no jogo). Às vezes, o jogo é grátis apenas para divulgar a marca do game e depois lançar uma continuação que vai render financeiramente.

Existe um truque para fazer as pessoas continuarem jogando por horas?
Criar um game lindo, com personagens e histórias cativantes e uma jogabilidade impecável. Ou seja, não existe truque. Um game bom exige muito trabalho e dedicação.

Como você se sente quando encontra alguém jogando algo que você ajudou a criar?
Eu fico bem emocionado, principalmente se vejo que a pessoa está se divertindo.

#pracegover: personagem Timo está em pé sobre grama verde. Ele tem o cabelo roxo. Ao fundo, algumas construções e um céu amarelo. Imagem: divulgação

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 159 do jornal Joca.

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