Desde que o Afeganistão foi tomado pelo Talibã (relembre o caso aqui), o aeroporto da cidade de Cabul, capital do país, tem sido um dos principais meios de a população deixar a região. Entretanto, em 26 de agosto, o local sofreu um ataque que deixou pelo menos 180 mortos, de acordo com o jornal americano The New York Times. Cidadãos do Afeganistão e militares dos Estados Unidos, que estavam controlando o aeroporto, estão entre as vítimas. 

Abaixo, confira perguntas e respostas para entender quem cometeu o ataque e o que esse episódio significa para o Afeganistão.

Quem cometeu o atentado?

Um grupo extremista chamado Estado Islâmico-Khorosan assumiu a autoria do ataque. Ele é formado por pessoas que acreditam que quem não segue a lei islâmica sob a interpretação feita por eles deve ser considerado infiel. 

“Esse grupo considera o Talibã, que já é conhecido por seu radicalismo, como insuficientemente devoto ao Islã, e os dois grupos lutam entre si há anos”, explica o  professor doutor Sergio Aguilar, livre docente em segurança internacional e professor do curso de relações internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Então o Talibã enfrenta resistência dentro do Afeganistão?

Sim. O Afeganistão abriga vários grupos étnicos e cada um possui suas crenças, de modo que nem todos concordam com tudo. “O Talibã tomou o poder, mas não controla todo o território, especialmente o norte. Alguns ‘senhores da guerra’ [pessoas que lideram a oposição] que trabalharam com forças internacionais não admitem perder o controle de seus territórios, então eles podem se opor ao Talibã”, afirma o professor. Mas, de acordo com ele, isso ainda vai depender de como o grupo vai conduzir sua política no país.

O que o ataque significa para o Afeganistão?

Ainda segundo o professor Sergio Aguilar, se o grupo foi capaz de praticar um atentado tão grande no aeroporto de Cabul, uma área altamente protegida, é necessário que o mundo fique alerta ao crescimento de grupos radicais. “Isso acontece por causa do vácuo [vazio] que se criou com a retirada das tropas ocidentais [dos Estados Unidos] e do governo afegão e o controle do Talibã (que não é total)”, diz. Logo após o Talibã chegar à capital, o então presidente afegão embarcou para o Tajiquistão para fugir do controle dos rebeldes, deixando o país sem governante.

Existe esperança de o Afeganistão não estar mais sob o domínio do Talibã?

Sim. Para o professor entrevistado, será necessário tirar o Talibã do poder. “No Afeganistão, um governo escolhido por meio de eleições nunca significou o estabelecimento da democracia”, explica. Isso significa que, mesmo que o Talibã promova eleições, não quer dizer que o povo irá escolher seus governantes, tampouco que um novo governo irá atender às necessidades da população. “Posso estar enganado, mas tirar o domínio do Talibã só [seria possível] da mesma forma como o grupo tomou o poder: pela força”, completa.

Fontes: CNN Brasil, El País, Estadão e Folha de S.Paulo.

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