Martina Medina

Líderes e empresários de todo o mundo participaram do Fórum Econômico de Davos, entre 22 e 26 de maio, em Davos, na Suíça. O evento anual tem como objetivo estimular discussões sobre os principais problemas do planeta. Neste ano, o foco foi a guerra na Ucrânia e os impactos gerados pelo conflito a outros países, especialmente a crise mundial de alimentos.

Os dois envolvidos na guerra, Rússia e Ucrânia, são grandes fornecedores de grãos para o mundo. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), eles são responsáveis pela produção de 25% do trigo consumido no planeta e 45% do óleo de girassol vendido internacionalmente. Há países na África, por exemplo, em que 80% do trigo é importado dessas nações. Com o conflito, o fornecimento desses itens foi interrompido, gerando um aumento de seus preços no mundo todo.

“Com a guerra, toneladas de grãos da Ucrânia não podem sair dos portos porque os russos estão criando um bloqueio. Isso faz com que a demanda [pessoas querendo comprar um produto] fique maior do que a oferta [pessoas disponíveis para vender esse item]”, afirma Leonardo Paz, analista de inteligência qualitativa do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getulio Vargas. Isso significa que o produto fica mais difícil de ser adquirido, o que faz com que o consumidor tenha que pagar mais para comprá-lo.

A situação afeta o mundo todo porque, segundo o especialista, “os grãos são commodities, produtos cujos preços são regulados pelo que está acontecendo no mercado internacional. Por isso, quando você tem uma redução na oferta de um grão, o preço aumenta para todo o planeta”.

Durante o Fórum de Davos, a diretora geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, sugeriu a criação de corredores (áreas em que ataques são proibidos) dentro do território ucraniano. A ideia é fazer com que os itens sejam levados para fora do país e vendidos. Isso, de acordo com a líder, faria com que a oferta desses produtos não continuasse tão baixa e evitaria que os preços permanecessem altos por muito tempo.

Macarrão mais caro
O trigo é usado para produzir alimentos como pães e massas. Quando o preço do grão se eleva, o custo desses produtos também sobe. Entre 1º e 12 de março, o macarrão com ovos no Brasil, por exemplo, ficou 4,24% mais caro do que no mesmo período de fevereiro, segundo um levantamento da empresa Varejo 360. A alta no valor do óleo de girassol, usado em cosméticos e no preparo de alimentos, também pode gerar subida de preços.

Fontes: Estadão, G1, site do Fórum Econômico de Davos, OMC e The Guardian.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 189 do jornal Joca.

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