Helena Rinaldi

Com a chegada de frentes frias pelo Brasil, atividades como ver filmes embaixo de edredons e beber chocolate quente podem se tornar bem atrativas. Mas você já parou para pensar nas pessoas que não têm cobertores e muito menos um lugar onde morar?

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em março de 2020, mais de 220 mil pessoas estavam em situação de rua no Brasil (ou seja, passavam as noites dormindo em calçadas ou embaixo de pontes e viadutos). O dado é a projeção mais recente sobre essa população. Isso quer dizer que hoje, mais de dois anos e diversas fases de uma pandemia depois, ele pode ser ainda maior.

Uma das instituições que busca ajudar essa população é a Organização Não Governamental (ONG) SP Invisível, que conta histórias de pessoas em situação de rua todos os dias em suas redes sociais como forma de conscientizar a sociedade sobre a realidade desses indivíduos.

Em entrevista ao Joca, um dos fundadores do projeto, André Soler, contou que ele e a equipe responsável tiveram que agir rapidamente quando perceberam que, neste ano, o frio chegaria antes do esperado. “Fomos pegos de surpresa, realmente não prevíamos [o frio nessa época do ano]. Mas a gente já estava preparado pela estrutura que tem para conseguir atender muitas pessoas. Logo que percebemos que estava frio, já fomos para a rua e começamos a fazer nosso trabalho de forma adiantada”, diz.

A equipe da SP Invisível já conseguiu levar itens como sacos de dormir e chocolates quentes para algumas pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo. Atualmente, a ONG está preparando kits de inverno para a chegada da estação mais fria do ano. Esses kits contêm, entre outros itens, um moletom com capuz, meias e luvas.

“Essa ação sempre foi para as ruas no momento de inverno levando moletons novos, que a gente produz. É uma maneira de levar um carinho para eles, porque eles gostam muito disso que a gente faz. A gente chega a encontrar uma pessoa em situação de rua no inverno seguinte com o mesmo moletom, esse é o nível de carinho que eles têm, por isso a gente dá para eles”, conta André. Há sete anos, quando a ação de inverno começou, 500 moletons foram distribuídos. Já em 2021, 15 mil pessoas em situação de rua receberam a peça. Para este ano, a meta é 22 mil moletons.

Apesar de ter crescido nos últimos anos, a ONG ainda enfrenta um grande desafio: conseguir levar calor para as pessoas que estão longe dos centros das cidades, onde a assistência (como abrigos, por exemplo) é mais rara. “A gente tem muitos projetos em São Paulo que conseguem atender regiões onde têm muitas pessoas centralizadas, mas também temos o desafio de atender pessoas que estão em áreas mais periféricas”, diz.

Como ajudar a população em situação de rua no frio?

Separar roupas quentes, meias e cobertores que você não usa é uma forma de levar calor até as pessoas que mais precisam. Para saber qual é o melhor jeito de entregar esses itens, peça ajuda aos seus pais e responsáveis – eles podem, por exemplo, entregar diretamente para pessoas em situação de rua ou doar para uma instituição que fique perto da sua casa.

Para quem mora na cidade de São Paulo, a sugestão da SP Invisível é pedir a colaboração de um adulto para acionar o Portal 156, serviço da prefeitura que oferece acolhimento para pessoas em situação de rua. Também vale conferir quais instituições estão de portas abertas para recebê-las.

Outra ideia da ONG é informar a população de rua sobre as tendas montadas pela prefeitura na cidade, que são instaladas sempre que a temperatura fica abaixo dos 10ºC. Elas estão localizadas nos seguintes pontos:

• Zona Leste: Guaianases, praça Presidente Getúlio Vargas e Itaquera (rua Gilberto Gomes da Mota);
• Zona Norte: Santana, praça Heróis da FEB, Vila Maria e praça Novo Mundo;
• Zona Sul: Santo Amaro (praça Floriano Peixoto) e Capela do Socorro (praça Escolar);
• Zona Oeste: Lapa (praça Miguel Dell’Erba);
• Centro: Sé (praça da Sé), praça Marechal Deodoro e Mooca (praça Padre Bento).

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