Pelo menos 11 pessoas morreram (até o fechamento desta edição) na temporada de escaladas deste ano no Everest, a montanha mais alta do mundo, localizada na fronteira entre o Nepal e a China, na Ásia. A maioria das vítimas teria ficado presa no “engarrafamento” provocado pelo excesso de pessoas na trilha do Nepal. Passar muito tempo na montanha, onde as temperaturas são congelantes e é difícil respirar, pode provocar cansaço extremo e levar à morte.

Em 2019, o governo do Nepal bateu o recorde de autorizações emitidas para a subida: foram 381 (como cada visitante é obrigado a ir acompanhado de pelo menos um guia nepalês, o número total de pessoas no monte foi de 762). No ano passado, 348 passes foram concedidos e cinco pessoas morreram. Do lado chinês, foram 140 autorizações nesta temporada.

O governo do Nepal anunciou, no dia 29 de maio, que adotará novas regras para autorizar turistas a escalar o Everest. Os viajantes terão que apresentar um certificado para comprovar experiência em escalada, além de exames médicos para atestar bom estado de saúde.

#pracegover: exploradores sobem em fila indiana o Everest. As montanhas são cobertas pelo gelo e o céu é azul com nuvens brancas. Os aventureiros usam roupas pesadas para combater o frio e mochilas grandes, de cores diversas, como amarelo, azul e vermelho. Crédito: Gettyimages

Os problemas no Everest

Por que havia tantas pessoas no Everest?

Até o momento, o governo não fazia exigências para a escalada, a não ser pagar o ingresso de 11 mil dólares (em torno de 44 mil reais). O turismo é uma das principais fontes de renda no Nepal, que costuma fazer campanhas para incentivá-lo.

Qual é a razão para os “congestionamentos” no monte?

Entre abril e maio, é comum que o número de alpinistas aumente, já que, nessa época, as condições do clima são menos extremas — com ventos mais fracos e temperaturas não tão baixas. Porém, nesta temporada, o clima bom durou menos. A subida ao cume foi possível em apenas cinco dias, enquanto, normalmente, escaladores costumam ter dez dias para tentar chegar ao topo. Isso levou a uma maior concentração de pessoas.

O que acontece com o corpo humano a grandes altitudes?

O caminho estreito que leva ao topo do monte é conhecido como “zona da morte” e é lá onde se dá a maior parte do “congestionamento”. Nessa região, 8 mil metros acima do nível do mar, o corpo humano sofre com a temperatura, que pode chegar a -37°C e causar congelamentos. O ar rarefeito (baixa quantidade de oxigênio na atmosfera, comum em grandes altitudes) também dificulta a respiração. A altura extrema causa ainda o “mal de altitude”, que provoca dor de cabeça, enjoo,  fraqueza e tontura.

#pracegover: a ilustração mostra o caminho em direção do topo da montanha, a partir de um zoom de um mapa onde estão indicadas as localizações de Índia, Nepal, China e Everest. O infográfico traz as seguintes informações em texto – Acampamento-base, 5.364 m, temperatura entre -10ºC e 20ºC; acampamento 1, 5.943 m; acampamento 2, 6.492 m; acampamento 3, 7.315 m; acampamento 4, 8.000 m, a partir daqui, alpinistas usam cilindros de oxigênio; local onde se formou a fila de alpinistas e onde a maioria dos escaladores precisa de oxigênio; cume, 8.848 m acima do nível do mar, temperatura pode chegar a -37ºC. Imagem: reprodução.

Linha do tempo

Mais de 5 mil pessoas já chegaram ao topo da montanha de 8.848 metros de altitude e cerca de 300 morreram no monte. Conheça alguns dos principais pontos dessa história

1953: O neozelandês Edmund Hillary e o nepalês Sherpa Tenzing Norgay foram os primeiros a chegar ao cume.
1975: A japonesa Junko Tabei foi a primeira mulher a alcançar o topo. Desde então, outras 548 mulheres chegaram lá.
1995: Mozart Catão e Waldemar Niclevicz se tornaram os primeiros brasileiros a alcançar o alto do monte. Neste ano, cinco escaladores do Brasil concluíram a missão.
2015: Uma avalanche causada por terremoto deixou ao menos 22 mortos, na temporada mais mortal da história.

Restrição a turistas
Outros locais restringiram recentemente o acesso aos turistas em razão do grande número de visitas:

Machu Picchu (Peru)

Para preservar uma das sete maravilhas do mundo moderno, o governo do Peru limitou, em maio, a visitação a três atrações por até três horas. Segundo o Ministério da Cultura do país, já foram percebidas marcas da deterioração causadas por turistas nas pedras do local, que recebe cerca de 6 mil visitantes por dia.

Museu do Louvre (França)

O museu mais visitado do mundo fechou as portas no dia 27 de maio por causa do excesso de público. Os funcionários da instituição entraram em greve contra as cansativas jornadas de trabalho e para exigir a contratação de mais trabalhadores. O Louvre, que teve recorde de visitas no ano passado, com
10,2 milhões de pessoas, voltou a funcionar normalmente em 29 de maio.

Fontes: Estadão, G1, O Globo e Veja.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 133 do jornal Joca.

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