Quem acompanha o Joca está por dentro (ou até já participou!) do projeto Mi Casa, Tu Casa • Minha Casa, Sua Casa, para jovens venezuelanos em Roraima. As duas primeiras bibliotecas com livros doados pela ação já foram inauguradas em Boa Vista, capital do estado (saiba mais na edição 174). Agora, as repostas às cartas enviadas para os abrigos vão começar a chegar às escolas que reuniram os estudantes para trocar experiências por escrito com crianças e adolescentes da Venezuela.

Para saber mais sobre o trabalho do ACNUR (Agência da ONU Para Refugiados) com os venezuelanos em Roraima, as jovens voluntárias das redes sociais do Mi Casa, Tu Casa, Clara Z., Maria Luiza A. e Mariana K., todas de 17 anos, entrevistaram o galego (espanhol da região da Galiza) Arturo de Nieves Rubalcava, coordenador sênior de campo do ACNUR. Confira.

#pracegover: Arturo usa camisa azul-claro e coleta azul-escuro. Ele está em um abrigo para refugiados. Crédito de imagem: ACNUR

Como você começou a trabalhar com causas humanitárias?
Venho de uma carreira acadêmica, em que atuei como pesquisador e professor de sociologia e ciências políticas por anos. Entrei de forma profissional no trabalho humanitário em 2015, ano em que ingressei no sistema ONU [Organização das Nações Unidas], pois percebi que, dessa forma, meu conhecimento e minhas ações trariam mais impacto para a sociedade.

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#pracegover: Clara Z., 17 anos, voluntária do projeto Mi Casa, Tu Casa • Minha Casa, Sua Casa, está sentada na areia de uma praia. Foto: arquivo pessoal

De que forma chegou ao seu trabalho atual, em Roraima?
O habitual para os funcionários internacionais do ACNUR é trocar de país e operação depois de certo período. Gostei muito da oportunidade de poder trabalhar no Brasil, após um ano na resposta à crise dos rohingya [população que integra uma minoria de religião muçulmana em Mianmar, país de maioria budista e vizinho a Bangladesh], em Bangladesh.

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#pracegover: Mariana, 17 anos, voluntária do projeto Mi Casa, Tu Casa • Minha Casa, Sua Casa, usa máscara, camiseta branca e calça escura. Ela está sentada entre livros doados para o projeto. Foto: arquivo pessoal

Como é o seu trabalho hoje em Roraima?
Atuo com muitas pessoas em diferentes frentes de ação. Posso dizer que faço a gestão da parte de operações, em que organizo equipes e ações para os temas de acolhimento, meios de vida e integração socioeconômica. Acho interessante ressaltar que a resposta aqui em Roraima e no Brasil não é focada somente na assistência social e humanitária, ela tem como foco a integração socioeconômica real, que cria soluções duradouras para os desafios enfrentados pelas pessoas refugiadas e migrantes que chegam ao território.

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#pracegover: Maria Luiza A., 17 anos, 17 anos, voluntária do projeto Mi Casa, Tu Casa • Minha Casa, Sua Casa, usa camiseta branca e sorri. Foto: arquivo pessoal

De que maneira programas como Mi Casa, Tu Casa impactam a vida de refugiados?
Em um primeiro ponto, o projeto impacta positivamente no aprendizado da língua portuguesa, que é a variável que mais influencia na integração das pessoas venezuelanas no Brasil. Também destaco a integração cultural que o intercâmbio de cartas e livros promove ao colocar em contato crianças venezuelanas e brasileiras, que passam a conhecer e mergulhar na realidade umas das outras. Por fim, deixo meu agradecimento ao projeto que promove o bem-estar das crianças e adolescentes nos abrigos, os quais queremos que sejam espaços de dignidade e desenvolvimento. A realidade dos jovens que estão temporariamente onde existem as bibliotecas, com certeza, melhorou.

Qual foi o maior desafio enfrentado trabalhando em Boa Vista?
A emergência da covid-19 e os impactos da pandemia. O início foi especialmente desafiador, pois tivemos que desenvolver estratégias que impedissem o contágio de forma maciça. Fizemos diversos planos de prevenção, um plano de isolamento e chegamos até a apoiar a criação de um novo hospital. Todas essas ações contiveram o cenário que se esperava para a pandemia na fronteira entre Brasil e Venezuela.

Qual é sua parte preferida de trabalhar com instituições como o ACNUR?
O impacto que temos na realidade dura das pessoas refugiadas e migrantes, como são os homens e mulheres da Venezuela que vêm buscar asilo. É satisfatório ver que as ações que fazemos têm efeito positivo no bem-estar desses indivíduos.

O que mais os brasileiros podem fazer para ajudar os venezuelanos que estão atualmente em Roraima?
Apoiar e criar iniciativas como o Mi Casa, Tu Casa são um ótimo exemplo. Além disso, os brasileiros podem pesquisar e identificar entidades que atuam em Roraima, como o próprio ACNUR, e ver formas de contribuir. A maior parte das organizações sociais se mantém por doações e depende do apoio de pessoas físicas e empresas. Mas, além de ajuda financeira, existe uma ação que todos podem realizar: falar e colocar nas conversas e interações as causas e realidades de pessoas refugiadas e migrantes. Desse modo, nós tiramos homens, mulheres, meninos e meninas do esquecimento. Falar ajuda e pode melhorar a realidade de milhares de pessoas, somente com a sensibilização sobre as razões que as fizeram se deslocar a outros países.

Acesse o site do Mi Casa, Tu Casa • Minha Casa, Sua Casa e confira os números sobre tudo o que foi arrecadado e gasto até o momento em benefício dos jovens venezuelanos: conteudo.jornaljoca.com.br/mi-casa

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 178 do jornal Joca

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