O mundo está bem assustador para criar filhos: basta uma notícia de jornal com cenas chocantes de violência para traumatizar os pequenos. Diante disso, alguns pais proíbem as crianças de assistirem aos noticiários. Se esses pais pudessem colocar seus filhos atrás de uma muralha que os protegesse de todo dano que a sociedade pude causar, eles o fariam. Porém, isso não é possível e nem saudável.

Por outro lado, há pais que não impedem seus filhos de verem os acontecimentos do mundo, e acreditam que tais notícias vão ajudá-los a amadurecer. Mas será que é possível ter equilíbrio nesse assunto tão delicado? Acompanhe conosco:

PROIBIR OU LIBERAR? 

Mais cedo ou mais tarde, é inevitável que a criança entre em contato com a dura realidade do mundo em que vivemos. Apesar disso, os pais podem amenizar muito o impacto dessa experiência.

Imagine a seguinte situação: um pai quer ajudar seu filho a perder o medo de tempestades. Qual seria a melhor maneira de conseguir isso? Seria uma boa opção, caso surgisse esse fenômeno natural, o pai abrir a porta de casa e empurrar o filho para rua para enfrentar a situação? Ou talvez, o ideal seja simplesmente trancar a criança no quarto para que não veja a chuvada? Ou ainda, na segurança do lar, explicar para a criança que não é necessário temer a tempestade: basta apenas se proteger dela?

O que faria um pai sensato? Fica óbvio que a terceira atitude é a mais correta.

Do mesmo modo, a questão não é proibir nem liberar uma criança de assistir aos noticiários, mas sim, trazer conscientização e equilíbrio à conversa.

COMO TER EQUILÍBRIO? 

As crianças precisam ser protegidas de cenas fortes de violência, pois ainda não possuem a maturidade necessária para compreender tudo que acontece em sua volta. Apesar disso, os pais podem, aos poucos, estimular a percepção dos pequenos.

No entanto, talvez seja preciso filtrar que tipo de notícia de jornal seu filho verá. Por exemplo, em vez de sentar à frente da televisão ou do computador e esperar aparecer uma matéria que possa assistir na companhia de seu filho, o adulto pode apresentar para ele um noticiário feito para sua faixa etária.

Ao apresentar esse conteúdo para os filhos, os pais estarão preparando o solo perceptivo deles para que, na época certa, possam consumir informações mais densas e profundas.

Outro benefício é a influência que essa prática terá na educação dos pequenos, tornando-os mais capacitados para absorver os conhecimentos transmitidos no período escolar. Além disso, a criança desenvolverá o gosto pela leitura e o desejo de se manter informada sobre o que acontece em sua volta.

Sendo assim, do mesmo modo como precisamos dosar a quantidade de água com a qual regamos uma plantinha para que ela cresça com vigor, pais sensatos podem regular o tipo de informação que seus filhos terão acesso, mas não devem impedi-los do contato com as notícias.

EXISTE IDADE CERTA PARA ASSISTIR AO JORNAL?

 

Em um artigo da coluna Delas, do portal iG, a pedagoga Elizabete Duarte diz que, ao aproximar-se da adolescência, as crianças estão em uma boa fase para que os pais permitam que os noticiários façam parte da rotina deles.

Segundo a pedagoga, nesse período eles já possuem um pouco de experiência de vida que os ajudará a entender as explicações dos pais sobre um assunto que viram em uma notícia de jornal.

QUE CUIDADOS DEVE-SE TER AO PERMITIR QUE ASSISTA AO NOTICIÁRIO?

Porém, cabe aqui um conselho: os pré-adolescentes não devem assistir às notícias sem um adulto por perto, pois ainda não têm a capacidade de entender tudo sozinhos. Por exemplo, imagine como cenas de violências, assaltos e mortes podem desesperar os pequenos, criando traumas que podem ser difíceis de tratar.

Por outro lado, quando os pais estão próximos aos filhos nessas ocasiões, eles podem explicar que essas situações ruins acontecem, mas isso não quer dizer que ocorrerá com eles. Além disso, podem aproveitar a oportunidade para ensinar sobre os cuidados que devem tomar para evitar perigos.

Enquanto acompanham os filhos nessas ocasiões, os pais podem aproveitar para saber o que os filhos pensam sobre os fatos que foram apresentados pelo noticiário.

Por isso, alguns pais decidem “puxar uma conversa” sobre uma matéria que está passando. No caso de quem possui filhos mais falantes, eles escutam atentamente suas reações diante das notícias. Dessa forma, podem ajudá-los a entender melhor o mundo em sua volta.

Entretanto, durante esse diálogo, é preciso que os pais não tentem impor aos filhos a sua maneira de ver os fatos que ocorrem no planeta.

Falando sobre isso em uma entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, Josiane Gomes Soares — psicóloga e representante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente — ressaltou que não é saudável que os pais promovam seus conceitos pessoais para os seus filhos, e nem rebaixem alguém que pensa diferente deles na frente dos pequenos.

Ao surgir uma oportunidade de conversar, por exemplo, sobre uma notícia de política, o pai deve promover um diálogo saudável e incentivar seu filho a expressar sua opinião e a respeitar a de outros.

Acompanhar as crianças durante os noticiários também é perceber o quanto estão preparados ou não para continuar assistindo a esses programas. Se notar que esse hábito não está fazendo bem para seu filho, seria prudente suspender os jornais por um tempo e prepará-los melhor para que voltem a assisti-los no futuro.

Sendo assim, a partir da fase da pré-adolescência, cada pai avaliará qual é o momento ideal para que os seus filhos assistam às notícias do cotidiano e, com muito cuidado, vai prepará-los para os desafios da vida adulta.

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