Pesquisadores descobriram uma geleira na Antártida com rachaduras que se recuperam com o tempo. O fenômeno foi registrado na Kamb Ice Stream (Corrente de Gelo Kamb, em tradução livre). O estudo foi publicado na revista Nature, em 2 de março, pelo cientista Justin Lawrence e sua equipe.

#pracegover: imagem de gelo e água na Antártida. Crédito de imagem:
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PIERRE SUU | COLABORADOR/GETTY IMAGES

Para analisar a geleira os pesquisadores utilizaram um robô subaquático operado remotamente que explorou as profundezas da Kamb Ice Stream. Segundo Francisco Aquino, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisador de monitoramento de massas de gelo, o estudo identifi cou que algumas das rachaduras internas estão passando por um processo de recongelamento.

Funciona assim: a água do gelo derretido escorre e entra em contato com a água muito fria do oceano na base da geleira, congelando-se novamente. Isso acontece porque o solo oceânico onde a Kamb está localizada não é tão profundo, fazendo com que ela não tenha contato com as correntes oceânicas (ou seja, a água em movimento) mais aquecidas da profundeza.

Outros estudos
Essas correntes oceânicas foram alvo de outra pesquisa publicada na Nature, em 15 de fevereiro, pelo oceanógrafo (quem estuda o oceano) Peter Davis e sua equipe. Eles descobriram que a geleira Thwaites, também na Antártida e uma das maiores do mundo, está rapidamente derretendo em consequência do encontro com as massas de água menos frias do fundo do mar.

Mas por que o oposto é visto na Kamb Ice Stream? “A Kamb está em uma área continental, muito mais distante e protegida das águas menos frias que chegam à borda do continente”, explica Francisco.

As duas descobertas são importantes para ajudar os cientistas a entender melhor como o ecossistema da Antártida funciona, pois o local é um dos mais afetados pelas mudanças climáticas. O aquecimento global faz com que as camadas de gelo derretam desproporcionalmente, aumentando o nível dos oceanos e fazendo com que os mares avancem cada vez mais nos continentes.

“Se a gente continuar descumprindo os acordos e políticas a favor do clima, daqui a algumas centenas de anos, geleiras como a Thwaites podem ser cada vez mais raras”, completou Francisco.

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A geleira Thwaites está mais na borda do continente, em contato com águas menos frias. Já a Kamb Ice Stream, está mais ao centro, por isso, mais distante dessas águas | #pracegover: a ilustração traz um mapa da Antártida com duas áreas, em vermelho, demarcando as geleiras. Crédito de imagem: PIERRE SUU | COLABORADOR/GETTY IMAGES

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 201 do jornal Joca.

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