por Martina Medina

Riad A., de 16 anos, sempre gostou muito de viajar e já havia saído algumas vezes da Síria para conhecer outros países como turista. “Então, a viagem de 30 horas de avião para o Brasil foi tranquila“, disse. O garoto chegou aqui como refugiado aos 11 anos. Confundiram o nome do seu pai com o de um criminoso e ele ficou preso na Síria durante três meses e meio. “Tivemos que ir para o Líbano e a única opção de refúgio de lá era o Brasil“, conta.

Outro motivo para deixar o país foi a guerra, que já dura 7 anos e deixou mais de 500 mil mortos. O conflito faz da Síria campeã mundial em refúgio. No Brasil, 35% do total de refugiados são sírios. No mundo, eles também estão em primeiro lugar, com 6,3 milhões de deslocados, bem à frente do Afeganistão, em segundo lugar, com 2,6 milhões de pessoas refugiadas.

Antes da guerra, Riad, seus pais e irmãos levavam uma vida de alto padrão nesse país do Oriente Médio: a família tinha uma casa própria grande, seu pai trabalhava como engenheiro e ele estudava em uma escola pública de ótima qualidade.

No Brasil, eles tiveram que recomeçar. “Nem eu, minha mãe ou meus irmãos tínhamos que trabalhar lá”, explica. “Aqui tenho bolsa para estudar em uma escola particular, temos que pagar aluguel em uma casa menor e ajudar meus pais no trabalho com comidas sírias.”

Riad consegue comer seus pratos árabes preferidos no Brasil, onde também descobriu o brigadeiro. “É a melhor coisa que o Brasil já fez!”, aposta.

Segundo ele, a adaptação ao país, que ele considera muito diferente da Síria, foi difícil no começo. “Agora está melhor. Hoje eu tenho mais amigos, mas não muitos”, observa. “Amizade de verdade é difícil de fazer.”

Antes de chegar ao Brasil, ele pensava que o país se resumia a futebol, café e a Amazônia, mas se surpreendeu. “Foi melhor do que o esperado. Tem muitas outras coisas.”

Riad já não se vê voltando para o país de origem, já que o retorno significaria passar uma nova adaptação. Ele prefere continuar morando em São Paulo. “Quero terminar meus estudos no Brasil e me formar em engenharia mecânica, como o meu pai, porque eu gosto e sou bom em matemática.”

Confira o depoimento completo de Riad e de outras quatro crianças refugiadas aqui.
Saiba mais sobre a situação dos refugiados no Brasil e no mundo nesta matéria.
Clique aqui e entenda a diferença entre refugiado e imigrante.

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