Um dos maiores eventos do mundo, o ano-novo chinês, também conhecido como Festa da Primavera, começou no dia 16 de fevereiro. A celebração, que acontece anualmente entre fevereiro e março, movimenta o encontro de bilhões de pessoas. Em 2017, foram realizadas cerca de 3 bilhões de viagens – a maior taxa migratória do mundo.

No Brasil, o ano-novo chinês também é festejado. No templo Zu Lai, na cidade de Cotia, em São Paulo, a comemoração está prevista para 25 de fevereiro. Para conhecer mais sobre as tradições e os costumes que marcam a passagem do ano e a cultura chinesa, os repórteres Arthur Z. e Isabela R., do 6º ano do Colégio Sidarta, foram até o templo e entrevistaram Paulo Lee, discípulo e voluntário da instituição, considerada o maior santuário budista da América Latina.

Como é o ano-novo chinês?
É um momento em que as pessoas se reúnem com a família para rezar, agradecer e venerar os antepassados. Alguns também visitam cemitérios, onde comem, conversam e rezam em torno do túmulo. No templo Zu Lai, faremos uma festa voltada para os visitantes que querem saber mais sobre a cultura chinesa. Teremos apresentações de kung fu, barracas de comida vegetariana, lanternas vermelhas, danças do dragão e do leão.

Vocês também costumam usar roupa branca?
Não há uma cor específica. Mas, na cultura chinesa, vermelho é símbolo de vida, enquanto branco é símbolo de morte. Preto é a cor neutra. A festa aqui do templo é bem colorida, pois queremos acolher o público. Mas nos países asiáticos – China, Coreia, Japão, por exemplo – esse lado colorido não existe.

Por que o ano-novo chinês não é comemorado entre dezembro e janeiro?
No calendário chinês, contamos o tempo a partir dos movimentos da Lua e do Sol. Assim, observamos que a Lua aparece em determinado lugar do céu a cada 12 meses. Há uma fórmula matemática que determina isso. Em 2018, o ano novo chinês começa em 16 de fevereiro, mas, no templo Zu Lai, decidimos fazer a festa no dia 25. O novo ano cai sempre entre fevereiro e março.

Arthur e Isabela, do Colégio Sidarta

O que as danças do dragão e do leão representam?
Na antiga China, o dragão era o grande protetor. A cultura chinesa acredita que ele voa para proteger e trazer chuva. Muitos vilarejos e províncias pedem a benção do dragão. Quando há uma grande festa, inauguração de um negócio, nascimento de um bebê ou outro evento importante, os artistas são chamados para interpretá-los. O objetivo é agradecer ou comemorar aquele acontecimento. Já os leões sempre vêm em dois: um macho e uma fêmea. Acreditamos que o rugido deles espanta espíritos e pensamentos ruins.

Qual a comida típica do ano-novo chinês?
Na Ásia, cada país tem um prato especial. Na China, eles costumam fazer bolinhos da lua, por exemplo. Já na Coreia do Sul, comem sopa com algo que se parece com guioza. Como recebemos muitos visitantes no templo, de origens diferentes, servimos comida vegetariana. Cada ano do calendário chinês é representado por um animal.

Como isso é decidido?
Apesar de a maior parte das pessoas só conhecer os anos do calendário, ele também mostra mês, dia e hora. Em 2018, comemoramos o ano do cão, que é o número 11. No ano que vem, será o ano do porco, número 12. O ciclo dura 12 anos e, depois disso, chega ao fim e começa de novo. Na verdade, são 12 meses, 12 divisões por dia e 12 divisões por hora. Você pode ser porco ao longo do ano, mas, durante o mês, ter tendências de dragão e, em uma hora do dia, de serpente.

Por que os budistas são vegetarianos?
Para o budista, respeitar um animal é tão importante quanto respeitar um ser humano. Por isso, nós optamos pelos vegetais. Alguns vegetarianos comem produtos de origem animal, como leite e ovos, enquanto outros, não.

O Zu Lai tem alguma relação com templos da China?
Sim. Ele pertence a um grupo de mais ou menos 200 templos ao redor do mundo que fazem parte da escola budista chamada Fo Guang Shan. Mas somos parceiros do templo Odsal Ling, que também fica em Cotia. Apesar de ser da escola tibetana, eles seguem a mesma linha. Tanto que, quando o Dalai Lama, o “papa” dos tibetanos, veio ao Brasil, hospedou -se aqui. Nós também somos parceiros de outras religiões. No ano passado, por exemplo, a imagem de Nossa Senhora Aparecida, uma figura muito importante para os católicos, foi levada até o templo. Isso une os povos.

Quando o templo foi fundado?
O templo que nós temos hoje foi fundado em outubro de 2003. Porém, o templo Zu Lai, como instituição religiosa, já existia desde 1992. A estrutura do antigo templo ainda existe. Ali eram realizadas as cerimônias religiosas, os encontros de discípulos e as reuniões das associações. Agora, ele virou um alojamento para monges masculinos.

Esse templo tem algum mestre?
O templo é administrado por um monge e nove monjas. Aqui, ser monge é como se fosse uma profissão, cuja função é curar o lado espiritual das pessoas. Para mim, a coisa mais difícil em ser monge é ter que raspar o cabelo. Eles fazem isso para não ter que cuidar dos fios, pois o tempo que passariam tratando o cabelo poderia ser usado para ajudar os outros. Esse é um dos votos (regras) que você tem que fazer para ser monge. Os homens têm que seguir em torno de 180 regras; já as mulheres, cerca de 320 regras. Por isso, respeitamos tanto as monjas, porque sabemos que elas têm que fazer muitos votos.

O templo Zu Lai e a China
Próximo a São Paulo, o santuário budista tem uma grande área externa que lembra um jardim de palácio oriental, além de salas de meditação, um altar principal e serviços básicos para receber visitantes, como estacionamento, café e restaurante. O budismo é uma filosofia e uma religião que surgiu na Índia por volta do século VI a.C. e abrange diversas tradições, crenças e práticas baseadas nos ensinamentos do Darma, de Sidarta Gautama (Buda). Cerca de 500 milhões de pessoas seguem o budismo, sendo que a maior parte está em países como Japão, China, Tibete e Tailândia.

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